domingo, 16 de janeiro de 2011

Móveis do Sábio.
J. Norinaldo.
Conta-se que uma turista ao visitar a Índia, esteve na casa de um sábio, e que abismado com a pobreza daquele homem, onde via como móveis, apenas uma tosca mesa e dois banquinhos, perguntou-lhe?_ Onde estão os seus móveis? E que o sábio respondeu com outra pergunta: Onde estão os seus? Mas, eu estou aqui só de passagem respondeu a mulher. E que o sábio retorquiu: Eu também. A verdade é que todos estamos de passagem por aqui, até hoje a única certeza que temos nesta vida. Muitos, no entanto se apegam aos bens materiais de uma maneira febril e desvairada, muitas vezes encurtando sua passagem em troca delas. Ouvi várias vezes em tele jornais a notícia que muitas pessoas que vieram a perecer na última tragédia no Rio de Janeiro, digo o último por ter sido a mais recém, não que seja a derradeira; pois bem, não deixaram suas casas a procura de lugares mais seguros, por medo de saque, que levassem seus bens que tanto custaram a conseguir.
Quantas vezes compramos um jogo de sofá, que na verdade não é do nosso gosto, mas está na moda para massagearmos nosso ego quando este for elogiado pelo amigo que nos visita? Quantas vezes já ouvimos, ou vimos um conhecido com um tremendo carrão do ano, sabendo que economiza na despensa para poder pagar as prestações. E quem já viu um caminhão de mudanças acompanhando um enterro?
Acompanhei mais de uma vez tragédias iguais nesse estado, acompanhei de perto, como fuzileiro naval estive retirando corpos da lama e debaixo da terra, assim como retirando moradores de áreas de risco, e vi, e ouvi poucas e boas, tendo inclusive certa vez um braço mordido por uma mulher que se agarrava no que tivesse pela frente para não deixar sua casa. Outros faziam questão de levar o máximo de material que pudessem. Para que?
Vejam acima que exemplo fantástico, o cachorro cuidando o túmulo de alguém que morreu na tragédia, não foi cuidar dos pertences da vitima, mesmo sem saber que esta não poderá mais usá-los. Não quero aqui tornar as vitimas réus, apenas alertar os que ficaram, que mesmo quem aqui viveu sempre em castelos de altas torres, no cemitério as ruas são bem estreitas, e as moradas sempre baixas, está certo que algumas feitas em raro mármore, outras apenas um monte de terra, mas que o destino será sempre o mesmo.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011


A Rotina Trágica.
J. Norinaldo.

Tragédia no Rio de Janeiro. A maior tragédia natural do Brasil, até agora, pois com certeza não será a última. Todo mês de janeiro repete-se a cena como se repete o carnaval, e centenas de vidas são ceifadas, crianças que deixam a vida sem sequer entender a diferença de viver a beira da morte numa escarpa de morro ou numa mansão da zona sul. Depois do choro sobre o leite derramado, vem fevereiro e ai a história é outra, o mundo inteiro ver um Brasil diferente do que é na realidade, um povo alegre cheio de mulheres bonitas e seminuas, sorrisos de orelha a orelha, quando na verdade grande parte da população desse país vive abaixo da linha da miséria. Mas mostra ao mundo uma realidade diferente, sorrindo com dentes podres, como podres são as mentiras vendidas lá fora por que tem o dever de coibir estes tipos de tragédia que não são para o povo do Rio de Janeiro nenhuma novidade.
Enquanto o país gasta bilhões de dólares em construções de estradas, metros, aeroportos e estádios de futebol, liberam uma miséria para reconstruir áreas destruídas pelas intempéries, que são reconstruídas no mesmo local a espera de nova tragédia, parte desse dinheiro ainda é roubada por políticos corruptos que se aproveitam até de calamidades para ficarem mais ricos ainda. Toda estrutura construída para a Copa do Mundo e Olimpíadas naquele estado, beneficiará muitos, isto é claro, mas jamais aqueles que vivem em áreas de risco permanente, em encostas de morros em barracos de papelão, muitas vezes.
Vi nas campanhas políticas, candidatos prometendo acabar com a pobreza em nosso país, eu não atinava como, agora sei. Será que enterros coletivos de mais de 500 seres humanos não chegam para sensibilizar esta gente? Será que ninguém vê o péssimo exemplo que deu a África do Sul? Um país recentemente vitima da destruição por guerra, por discriminação racial, grande parte da população sobrevivendo na miséria, gastar o que foi gasto em estádios de futebol, e agora não tem sequer times para utilizá-los, quem sabe se tornem templos das tantas Igrejas que acumulam bilhões vendendo o nome de Deus, que a estas alturas deve ter lavado também as mãos, pois na verdade nem ele é de ferro.
Mas não se enganem, alías vivemos enganados todo tempo, que daqui há algumas semanas, toda essa tragédia é esquecida, menos por aqueles que a vivenciaram ou perderam entes queridos, nosso país voltará a rotina de felicidade, votando no Big Brother, pois putaria é o que interessa, o resto são detalhes. Que Ronaldinho Gaucho ganhe mais de um milhão de reais para brincar, enquanto o trabalhador brasileiro que se dane com um salário de fome, e desse ainda tirar algum para ir ao Maracanã vê-lo jogar e assim poder garantir seu milionário salário.
Na verdade nem sei se escrevi coisa com coisa, tamanha é minha revolta, que além de não resolver nada, ainda pode me trazer uma bela úlcera. Afinal eu também sou brasileiro e também filho de Deus, e como todos, só sei dizer: “Eu não posso fazer nada”. Com certeza e não vai aqui nenhum augúrio, mas esperem e verão: o Big Brother 12, começará pouco antes da próxima tragédia, que também não deixa de ser uma tragédia que poderia muito bem ser evitada, num pais onde crianças se prostituem, muitas vezes por um pão, dar um milhão de reais para que vadios fiquem transando numa mansão e o Brasil votando em quem transa melhor, ou quem tem o melhor rabo. Cada vez mais enchendo as burras de ouro daqueles que além de nos explorarem nos humilham mostrando o quanto somos burros.

terça-feira, 11 de janeiro de 2011


J. Norinaldo.

Em fim descortina-se a fumaça que durante muito tempo embaçou a minha mente com uma cruel dúvida: por que tudo atualmente é para a juventude? Música, moda, sexo livre, mídia e etc.? Se procurarmos com cuidado, vamos ver que não existe um programa de TV, rádio, nenhum show anunciado para quem tem mais de 40 anos, nenhuma moda é voltada para esse público. E o mais interessante: essa mesma juventude não tem ainda nenhum poder aquisitivo.
Ai. De repente cai a ficha. A juventude tem a coragem de idolatrar seus ídolos ainda vivos, viajar milhares de kilomentros, muitas vezes em situações precárias para vê-los, para gritar, rasgar roupa, mostrar a bunda, mesmo que seus idolatrados façam exatamente o mesmo, gritem feito loucos em palco fantástico, rasguem a roupa, mostrem a bunda, quebrem a guitarra que as vezes custou os olhos da cara, que daria para quem veio em situação precária chegar de carro zero. Nada disto importa, o que importa é mostrar que curte esse ou aquela banda, não interessa de que banda saia, o importante é barulho.
Enquanto aqueles outros, aqueles que até um dia foram jovens, usam da sabedoria suprema para esperar que seus ídolos morram para poder venerá-los. Estou errado? Não terá sido assim com Bach, Van Goghi e tantos outros? Conhecidos nosso? Ah! Posso citar Mário Quintana, que terminou seus dias de Príncipe dos Poetas sendo despejado de pensões de última categoria em Porto Alegre, cidade que escolheu para viver, amar e cantar. Depois de morto, ganhou um verdadeiro palácio da mesma cidade, aliás, dos seus habitantes, ou governantes. Eu fiz uma visita aquele local e quase fui expulso por aventar minha idéia.
Pena que alguns ídolos dessa juventude, como Cazuza, tenham querido dar uma de pensador e deixado frases idiotas como: “Meus ídolos morreram de over dose, e os meus inimigos estão no poder”. E ai surge mais uma balela de que nossa juventude está perdida por causa das drogas. Não vou aqui dizer que não usam, mas já vivi numa cidade que fazia fronteira seca com a Bolívia, assim como vivi em grandes cidades do país, e sei muito bem que a velhetude também não fica para trás no consumo. O que é mais lamentável nisto tudo, é ver crianças de até sete anos viciadas, isto é uma verdade, embora triste mas é.
Por que será que os ditos mais velhos não curtem seus ídolos? Será que depois de uma certa idade não se precisa mais disto? Faz vergonha elogiar o trabalho de quem realmente tem talento? Um cantor, um poeta, compositor, um Rossini Rodrigues? Será isto?
Por falar nisto, não sei se pela idade, pois meu micro é ante diluviano para os padrões de hoje, me deu um cansaço neste texto, todas as vezes que tentei escrever o nome de Bach completo, ele simplesmente travava e mandava o texto para o espaço. Como era de madrugada e encontrar-me sozinho, confesso que não fiquei muito tranqüilo. Não sei se por não gostar da sua música, eu adoro, ou pela sacanagem que fizeram com esse gênio, que era funcionário da prefeitura de uma pequena cidade alemã, cuidando de crianças órfãs e sarnentas, e somente 79 anos após a sua morte, Medelson descobriu algumas das suas obras, por que a maioria serviu para embrulhar carne e peixe nos açougues.
Acredito que está na hora da juventude ter uma conversa com quem já foi jovem e esqueceu, assim como está na hora de dar um jeitinho nesse meu micro, senão quando tiver que escrever John Seb..... Credo, já ia me esquecendo, bem no final do texto. Talvez seja revolta pela minha cascuda igonorancia de não saber falar alemão. Afinal eu sou apenas um rapaz de 62 anos, latindo americano, tentando aprender ingrês. Fui