Não existe Abraço Virtual.
J. Norinaldo.
Ontem eu falei por telefone com
alguém que não via a mais de 30 anos, isto mesmo, mais de 30 anos, muita tempo
não é mesmo? Seu filho que foi quem lhe deu meu telefone, a última vez que o vi
tinha dez anos, hoje está de cabelos brancos. Uma vez alguém me disse que o
próprio homem desde os primórdios vinha procurando uma maneira de se autodestruir,
não entendi muito na época, que já vai muito longe, mas também não esqueci, não
tive oportunidade de pergunta ou de pedir para quem disse definir sua oração,
já que a conversa era dos mais velhos e eu por acaso escutara. Durante todo
esse tempo venho observando o quanto aquele senhor que usava suspensórios,
coisa de menino no meu tempo e na minha cabeça, que com ares de sábio dissera
aquelas palavras. Guerras, venenos, vírus, tanta coisa que o homem não sei se
desnecessariamente vem se envenenado e envenenando seu semelhante e por isto
mesmo não deixo nunca de pensar no profeta de suspensórios.
Ontem, após conversar com essa
pessoa supracitada, que se não fomos grandes amigos, fizemos parte de uma
verdadeira família que se aceitava, convivemos juntos por muitos anos, usando a
mesma roupa ou a mesma farda, militando na mesma profissão; num reencontro
mesmo que por telefone depois de mais de 30 ou 40 anos, nem sempre as noticias são as esperadas, e ai, a alegria
do início vai se esgarçado como nuvem de fumaça, a conversa vai perdendo toda
graça, e as vezes termina em lágrimas. Será que isto realmente faz bem? A alma
pode ser, mas ao corpo físico, ao organismo? Será que a Internet, esta coisa
que aproxima quem está longe e afasta quem está perto não é um desses instrumentos
que o homem inventou para antecipar seu próprio fim?
Sei não, mas agora são 04h36, já
contei mais carneiros que conheço, já fiz de tudo que aprendi para ter sono e
nada, revi centenas de amigos daquela época, muitos que já não estão mais entre
nós, avisei a outros que encontrei este alguém e de um desses avisados li a
seguinte pergunta: Quem? Escrevi novamente o nome completo do amigo encontrado
e para minha surpresa li: Lembro nada, sei quem é não... E eram grandes amigos,
como segurar então as lágrimas. Uma vez, estava num hospital com um parente
internado, quando encontrei alguém conhecido, e após aquelas perguntas de
praxe, quem teu está por aqui, no linguajar de Marinha, no “Estaleiro” Fiquei
sabendo que era um Capitão de Mar e Guerra que aqui servira como Tenente e que
voltara para visitar a cidade e algum amigo da época, e sofrera um enfarto na
entrada da cidade.
Será que esses encontros fazem
bem? Sei lá, não diria com certeza que faz não. É complicado eu sei, poxa é tão
bom reencontrar um amigo, principalmente quando está bem, principalmente de
saúde, mas, sei lá de novo, acredito que o melhor mesmo é aturar a figura sem
essa de saudade. Interessante esta palavra é só nossa, aqui do lado na
Argentina, às vezes fico tempos sem ir ao Cassino, quando resolvo aparecer
algumas argentinas que ali trabalham dizem que estranharam, e sempre pensei que
tinham estranhado a minha ausência, depois descobri que estranhar é sentir
falta, sentir saudade. Pode?