domingo, 28 de novembro de 2010


Guerra no Rio de Janeiro.
J. Norinaldo.


O que ocorre atualmente na cidade do Rio de Janeiro não é novidade principalmente para quem sempre foi refém do crime organizado, que sempre fez o que quis num estado desorganizado. Morei em Duque de Caxias por muitos anos, no Bairro 25 de Agosto, no alto do morro que dava para a cabeceira do Aeroporto Tom Jobim, ou Galeão, todos os aviões que chegavam aquele aeroporto, passavam bem por cima da minha casa, inclusive o Concordy, lembra dele? Um belo dia recebi a visita de uma amiga médica, e quando conversávamos animadamente, tivemos que interromper o papo, pois era a hora que este belo avião fazia estremecer toda minha casa. Ela apavora perguntou: _ Como consegues viver num lugar assim? E eu lhe respondi: já nos acostumamos. Foi ai, que ela me disse: _ledo engano meu amigo, vocês estão é ficando surdos. Isto vem ocorrendo há muito com o crime no nosso país, não só estamos surdos, como cegos.
Como disse acima, morei por 16 anos nessa cidade, que amo e admiro por sua beleza e pelo comportamento dos seus filhos. Ouço muito das autoridades que o crime deve ser combatido pela raiz, e a esta são dados os nomes de fome, miséria, má distribuição de renda etc. O que na verdade nunca ouvi falar, é que a raiz de tudo isto que está acontecendo no Rio de Janeiro, cujo inimigo público número um é o traficante, e é uma realidade, mas e o usuário? Onde entra nessa lista de culpa? Pois na minha imensa ignorância, passa o seguinte: não havendo usuário, não haverá traficante, por esta dedução é claro, jamais serei indicado para nenhum Nobel de inteligência.
Acompanhando os últimos acontecimentos, felizmente de bem longe, vejo as autoridades proclamarem o apoio da sociedade a ação do estado na recuperação de territórios ocupados por décadas por criminosos; isto talvez por que, locais esquecidos pelo estado e adotado pelo crime. O que é preciso dizer é que: Sr. Secretário de Segurança, sociedade do Rio de Janeiro, assim como existe uma grande torcida para que esta cidade recupere a paz e o controle total da situação; seria total hipocrisia negar que também existe uma grande torcida pelos bandidos, pois sem estes a garotada e alguns dos seus pais se verão privados do pó de cada dia.
Acabar com todos traficantes, não significa acabar com o problema, pois sem estes, os usuários assumirão com rapidez os seus postos, pois não conseguirão ficar sem a droga que os domina. Quantos pais estão contra o estado por esta ação? Pois quanto maior é a repressão, mas inflaciona o preço do produto que ele vem pagando para seus filhos e muitas vezes para si próprio.
Os traficantes estão ricos sim, mas não fabricam dinheiro, ainda. Este é oriundo de mesadas fartas, ou de assaltos a pais de famílias, trabalhadores e aposentados, que muitas vezes garotos bem nascidos, cuja mesada já não é suficiente, partem para o crime para poder alimentar o vício, que é chamado de doença, e drogados, viciados, criminosos por vezes da pior espécie, são tratados a pão de ló, com o dinheiro dos meus impostos, que nunca usei droga.
E ai, alguém pode perguntar: Por que os meus filhos e não o seu? Por um motivo bem simples, eu não os tenho, e para dizer a verdade, não me sinto tão infeliz por isto. Se todo este alvoroço é por causa da Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas que talvez seja nessa cidade, por que as autoridades já não começam a estudar um plano para que seja sempre no Brasil tais eventos? Que em minha opinião não passa de um elefante branco, ninguém fala do exemplo da última Copa realizada num país há pouco devastado pela miséria, o racismo, onde foram construídos estádios monumentais, restou somente um problema: times para neles jogar.
Não havendo bola, dificilmente haverá futebol, não havendo quem queira cheirar, ninguém vai fabricar cocaína, por exemplo, pra fazer tapioca. Quantos bilhões de Dólares movimentam essa indústria macabra, e quantos são usados dos nossos impostos para tapar o sol com a peneira.
Não estou aqui defendendo traficantes de drogas, estou apenas mostrando por que são traficantes, se fizessem isto para me vender seu produto, e se não soubessem fazer outra coisa, com certeza hoje não empunhavam armas sofisticadas contra o estado, pois já teriam morrido de fome há muito tempo.

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