domingo, 24 de maio de 2015



A Depressão não é privilégio, pode atingir todos NOZES. Cuidado com os amigos, mesmo aqueles que um dia te levaram a  assistir “ O quebra nozes”!
J. Norinaldo.  

Quando eu mais precisei de um amigo, quando mais precisei de um abraço, de uma palavra de conforto que não precisava ser se amor, apenas algumas palavras, procurei quem acredite ser a fonte de onde eu poderia colher o que precisava e voltar mais aliviado de uma dor que não sabia de onde viera, apenas acordara certo dia numa tristeza imensa, buscara por todos os meios descobrir  sua origem em vão. Bati as sua porta e sem sequer me cumprimentar você me disse: Olha! Hoje eu estou muito feliz para te receber sabendo no baixo astral em que andas, volta outro dia, pensei ser uma brincadeira e até ensaiei um triste sorriso. Não era, você fechou a porta e mesmo eu sabendo que nada havia escrito em suas costas, consegui ler em letras garrafais; não! Não, volte mais, Eu não voltei, segui na verdade sem saber para onde, de repente me vi fora da cidade em uma estrada de chão cercada por uma mata verde, muito solitária. Parei o carro nem sei se numa sobra e não me contive comecei a chorar, coisa comum nos últimos dias; eu não falara nem para minha mulher, é claro que ela já havia notado minha tristeza, pretendia contar com aquele amigo na certeza de que me apontaria ou tentaria como bom amigo me apontar uma saída, uma solução. Estava chorando em prantos, com a cabeça sobre o volante, quando senti algo me tocar, levei um temendo susto e vi uma menina linda, não sei se a vi tão linda por causa do momento ou ela era realmente linda.; deveria ter 15 anos. Por que está chorando me perguntou com voz doce? Eu não sei se envergonhado ou com ódio daquela interrupção respondi talvez com certa aspereza: você está enganada,, não estou chorando, foi um cisco que caiu no meu olho e agora não para de escorrer água. Ela sorriu e disse com meiguice; foi um cisco ou uma tempestade de areia? Olhei séria para aquela menina que surgira do nada, e pude ver algo que achei estranho, aliás, tudo ultimamente para mim era estranho, ela trazia numa das mãos uma cestinha repleta de nozes. Nunca ouvira falar que existisse nozes  onde moro; meu coração disparou, era a loucura que nunca temi, ou sempre disse não temer, porque a loucura desmoraliza tudo, até a morte. Pelo jeito no meu caso nem tudo, pois a tristeza aumentava a cada respirar. Onde consegui nozes por aqui pergunte? Ela então demonstrando uma serenidade incomum as meninas da sua idade respondeu: essa não é a reposta para minha pergunta. As nozes existem em abundancia e disse o lugar que já não me lembro. Perguntei-lhe quantos anos tinha, sem antes dizer de maneira hilária não nesse o momento que não se pergunta a idade de uma mulher sem correr o risco de ouvir uma mentira, respondeu: 17 anos. Eu então lhe falei que não ficava bem estarmos sozinhos naquela estrada solitária somente os dois e que ela prosseguisse seu caminho que eu faria o mesmo. Ela então mais uma vez insistiu. Vou sim, até porque se quiser arranca com o carro e vai embora, respondi todas as suas perguntas até a que não devia e continua me negando uma única que lhe fiz, e vai para onde, sabe para onde vai esta estrada? Não! Respondi. Sua pergunta eu não respondi por maldade ou falta de respeito ou educação, eu não sei . Esta garota olhou para mim e disse, está com depressão, a doença do século precisa procurar ajuda.  Te juro que farei isto, quer uma carona até em casa? Não! Não quero, porque se continuarmos este papo eu não sei como ajuda-lo. Lembrei-me das letras enormes escritas nas costas do meu amigo que dançavam diante dos meus olhos: não volta mais! Ouvi como gritos que me doíam pareciam querer romper meus tímpanos: Estou muito feliz hoje para aturar teu baixo astral, isto pode me contaminar. A partir dai, passei ver com outros olhos e a ler com outros olhos as palavras: Amigo e Não volta Mais.  Uma menina que nem sei quem é, tenho tentado encontra-la, aliás uma vez a vi passar num ônibus, mas eu estava a pé, olhei para todo lado em busca de alguém que me conduzisse até o próximo ponto, não consegui. Aquela menina me ouviu; não sei se me deixou mais alegre ou mais triste, pois notava compaixão em seu olhar, mas me ouviu até sem eu pedir. Não estou feliz agora, mas tenho uma certeza: Diminuiu e muito a relação daqueles aquém um dia chamei de amigo. A noite em vez de sonhar com a bela moça, que na verdade nem sei se realmente era bela, nessa beleza  a que tanto damos valor; sonhei como Los Angeles, lugar que tenho um sonho em conhecer, depois de New York, eu passava num carro conversível preto e ao invés das enormes letras que formam a Palavra HOLLIWOOD eu via; não volta mais, e dançavam felizes talvez como estava aquele a quem pensei ser amigo. Será que ele estava tão errado? Todo Natal que para mim sempre foi uma festa triste, agora tem mais um ingrediente a reforçar essa tristeza: nozes. Por que não ficar alegre então? Talvez porque não saiba mais.

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