A Depressão não é privilégio, pode atingir todos NOZES. Cuidado
com os amigos, mesmo aqueles que um dia te levaram a assistir “ O quebra nozes”!
J. Norinaldo.
Quando eu mais precisei de um amigo, quando mais precisei de
um abraço, de uma palavra de conforto que não precisava ser se amor, apenas
algumas palavras, procurei quem acredite ser a fonte de onde eu poderia colher
o que precisava e voltar mais aliviado de uma dor que não sabia de onde viera,
apenas acordara certo dia numa tristeza imensa, buscara por todos os meios
descobrir sua origem em vão. Bati as sua
porta e sem sequer me cumprimentar você me disse: Olha! Hoje eu estou muito
feliz para te receber sabendo no baixo astral em que andas, volta outro dia,
pensei ser uma brincadeira e até ensaiei um triste sorriso. Não era, você
fechou a porta e mesmo eu sabendo que nada havia escrito em suas costas,
consegui ler em letras garrafais; não! Não, volte mais, Eu não voltei, segui na
verdade sem saber para onde, de repente me vi fora da cidade em uma estrada de
chão cercada por uma mata verde, muito solitária. Parei o carro nem sei se numa
sobra e não me contive comecei a chorar, coisa comum nos últimos dias; eu não
falara nem para minha mulher, é claro que ela já havia notado minha tristeza,
pretendia contar com aquele amigo na certeza de que me apontaria ou tentaria
como bom amigo me apontar uma saída, uma solução. Estava chorando em prantos,
com a cabeça sobre o volante, quando senti algo me tocar, levei um temendo
susto e vi uma menina linda, não sei se a vi tão linda por causa do momento ou
ela era realmente linda.; deveria ter 15 anos. Por que está chorando me
perguntou com voz doce? Eu não sei se envergonhado ou com ódio daquela
interrupção respondi talvez com certa aspereza: você está enganada,, não estou
chorando, foi um cisco que caiu no meu olho e agora não para de escorrer água.
Ela sorriu e disse com meiguice; foi um cisco ou uma tempestade de areia? Olhei
séria para aquela menina que surgira do nada, e pude ver algo que achei
estranho, aliás, tudo ultimamente para mim era estranho, ela trazia numa das
mãos uma cestinha repleta de nozes. Nunca ouvira falar que existisse nozes onde moro; meu coração disparou, era a
loucura que nunca temi, ou sempre disse não temer, porque a loucura desmoraliza
tudo, até a morte. Pelo jeito no meu caso nem tudo, pois a tristeza aumentava a
cada respirar. Onde consegui nozes por aqui pergunte? Ela então demonstrando
uma serenidade incomum as meninas da sua idade respondeu: essa não é a reposta
para minha pergunta. As nozes existem em abundancia e disse o lugar que já não
me lembro. Perguntei-lhe quantos anos tinha, sem antes dizer de maneira hilária
não nesse o momento que não se pergunta a idade de uma mulher sem correr o
risco de ouvir uma mentira, respondeu: 17 anos. Eu então lhe falei que não
ficava bem estarmos sozinhos naquela estrada solitária somente os dois e que
ela prosseguisse seu caminho que eu faria o mesmo. Ela então mais uma vez
insistiu. Vou sim, até porque se quiser arranca com o carro e vai embora,
respondi todas as suas perguntas até a que não devia e continua me negando uma
única que lhe fiz, e vai para onde, sabe para onde vai esta estrada? Não!
Respondi. Sua pergunta eu não respondi por maldade ou falta de respeito ou
educação, eu não sei . Esta garota olhou para mim e disse, está com depressão,
a doença do século precisa procurar ajuda.
Te juro que farei isto, quer uma carona até em casa? Não! Não quero,
porque se continuarmos este papo eu não sei como ajuda-lo. Lembrei-me das
letras enormes escritas nas costas do meu amigo que dançavam diante dos meus
olhos: não volta mais! Ouvi como gritos que me doíam pareciam querer romper
meus tímpanos: Estou muito feliz hoje para aturar teu baixo astral, isto pode
me contaminar. A partir dai, passei ver com outros olhos e a ler com outros
olhos as palavras: Amigo e Não volta Mais.
Uma menina que nem sei quem é, tenho tentado encontra-la, aliás uma vez
a vi passar num ônibus, mas eu estava a pé, olhei para todo lado em busca de
alguém que me conduzisse até o próximo ponto, não consegui. Aquela menina me
ouviu; não sei se me deixou mais alegre ou mais triste, pois notava compaixão
em seu olhar, mas me ouviu até sem eu pedir. Não estou feliz agora, mas tenho
uma certeza: Diminuiu e muito a relação daqueles aquém um dia chamei de amigo.
A noite em vez de sonhar com a bela moça, que na verdade nem sei se realmente
era bela, nessa beleza a que tanto damos
valor; sonhei como Los Angeles, lugar que tenho um sonho em conhecer, depois de
New York, eu passava num carro conversível preto e ao invés das enormes letras
que formam a Palavra HOLLIWOOD eu via; não volta mais, e dançavam felizes
talvez como estava aquele a quem pensei ser amigo. Será que ele estava tão
errado? Todo Natal que para mim sempre foi uma festa triste, agora tem mais um
ingrediente a reforçar essa tristeza: nozes. Por que não ficar alegre então?
Talvez porque não saiba mais.
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