O Pecado da Casa Grande.
J. Norinaldo.
O maior erro da Casa Grande foi acreditar que entregando o
Bastão do Poder a alguém escolhido na Senzala, o teria de volta trazido pelo
povo que ao entrega-lo retiraria novamente à camisa e os sapatos oferecendo o
lombo à chibata por ter ousado sonhar com o poder; e a certeza de que jamais
tentariam novamente. Não deu certo, aliás, deus certo até demais, além de
provar do manjar destinados aos deuses, a Senzala fez o que a casa grande
jamais imaginou que fizesse, sucesso; não só no Brasil mas tornou-se referencia
para o mundo. E agora? Como recuperar o Bastão tão venerado? De qualquer forma,
não importa o que o mundo pense e diga, nos interessa é o que por direito nos pertenceu
por 500 anos, é nosso, não abriremos mão dele por nada, sequer pela vida. Temos
o ouro que ainda manda, apesar de que um Chip inventado por alguém que descende
da senzala e que pesa 20g vale muito mais que uma arrouba desse mesmo metal;
mesmo que tenham hoje através do símbolo dessa mesma arrouba esquecida e hoje
mais usada que dinheiro por culpa de um descuido da Casa Grande; possam se
comunicar sem uma censura prévia como a que existiu no Brasil até 1821. O
pecado da Casa Grande foi acreditar que seu tamanho intimidaria a vida inteira,
e que a oratória rebuscada, mesmo não entendida continuaria encantando os da senzala
e que a liberdade de tocar seus atabaques, longe dos ouvidos dos senhores faria
com que continuassem os considerando deuses. Deixaram a Senzala provar o sabor
da iguaria mais sonhada do planeta: O Poder e puderam dar aos seus pares algo
antes proibido, o calçado, o avião, a Europa e Estados Unidos; Orlando, Miami
New York e Los Angeles, Londres Dubai e Paris; o pobre soube o que é ser feliz
mesmo não revelando o segredo, do medo de sair da estrada para as nuvens. E
agora José? Como convencer a voltar a Rodoviária quem conheceu o conforto do ar
condicionado do aeroporto, como fazer voltar para trás do balcão, quem conheceu
o Campus de uma Universidade; como explicar ao meu filho, que aquele que o carregava
nas costas como um camelo, agora é doutor e usou exatamente este tema para
defender sua Tese? Em Tese, o que fazer; qualquer coisa, entrar em transe,
girar feito feito um brinquedo muito usado por meninos da Senzala,
ultrapassar todas as fronteiras do ridículo, não importa, o que a Casa Grande
quer mesmo é ser Grande novamente; afinal 500 anos não são 500 dias; caso não
se consiga tal intento, dinheiro temos para construirmos naves que humilhem
novamente a senzala que fugiu da Rodoviária, só não poderão humilhar aeroportos
construindo Aeronaves, pois ai não seriam apenas ridículos, mas hilários. Pelos
erros, peço perdão e explico, faz pouco que sai da Senzala...
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