sexta-feira, 20 de maio de 2016





A Melhor Idade.
J. Norinaldo.



Para muitos, hoje eles estão na melhor idade, agora se quem está na idade deles, mesmo não tendo uma vida de glamour que tiveram de dinheiro, mulheres fãs e muito luxo e se sentir realmente feliz na idade que está? Em minha opinião a melhor idade com certeza foi a das primeiras fotos, terá sido? E esta minha certeza de onde vem? Existe um aforismo que diz: “A Felicidade está onde se acredita que esteja”. Será? E o que realmente será a felicidade? Um momento de grande alegria, inesquecível? Lembro-me que quando fui tirar minha Carteira de motorista, o despachante um amigo meu, foi a minha casa e me disse: Vamos comigo, vai haver prova para motoristas e tu vais fazer sem nenhum compromisso de passar, na verdade o mais certo é não passar pois eu não te avisei para ficares preparado; mas já ficarás sabendo como é e na próxima já tens uma ideia. Eu fui e passei. Ai vem o pior, eu quase fiquei louco e deixo minha mulher louca tentando aprender a fazer balizas numa estrada, ela com cabos de vassouras e tijolos e eu quase me desidratando e dizendo os piores impropérios, quem me conhece sabe como sou, e cada vez mais bravo  por ouvir ela dizer que não tinha culpa de nada, verdade, e quem iria tirar a carteira era eu. Quando ia saindo da sala de aula, um dos instrutores perguntou se eu ia para o local das balizas, nem sei porque respondi que sim; ele então me pediu o favor de entregar um envelope a outro que lá se encontrava. Nisso, uma moça muito bonita, perguntou-se se não lhe daria uma carona até o local, claro que dei e passei de certa forma a acreditar em milagres. Eram aproximadamente 11:30m, ela entrou no carro perguntou se eu iria fazer baliza e eu lhe respondi que talvez não; expliquei a ideia do meu despachante e a minha fobia pela tal de baliza. Ela então disse-me: Vamos fazer o seguinte, daqui a pouco os instrutores param para o almoço e eu te ensino um macete que você fará na primeira vez e nunca mais esquecerá. Não acreditei, mas além da moça ser bonita não me restava alternativa. Assim que o ambiente ficou deserto, ela disse, liga o carro e vamos dar uma volta, isto eu sabia fazer, dobra a esquerda, eu dobrei, ela disse: pode parar está reprovado, contra mão; mas você mandou! É o que eles farão, tem que ter cuidado, depois mandou que eu parasse numa subida e depois arrancasse sem deixar o carro descer. Em fim fomos paras as tais balizas, ela fez a primeira vez e numa velocidade louca, e perguntei: Não vai querer que eu tenha aprendido algo vai? Não disse ela, assume o volante agora, e foi me dizendo  o que fazer; quando chegou ao final e a parte mais difícil ela disse: Tá, agora desce e vai ver o que fizestes. Eu não acreditava no que via, o carro estava quase colado ao meio fio. Agora sozinho, faze o que disse e repete quantas vezes quiseres. Fiz várias vezes e fui levar a moça em casa. Na hora que terminei o exame e o instrutor me disse: Quinta feira pode ir ao Detran pegar sua Carteira, eu olhei para todos os lados, procurei, esperei e não encontrei a moça; o que me deixou um tanto preocupado. Seria a felicidade? Não era, dias depois a encontrei num Banco, ela me sorriu e perguntou: E a carteira? Fiz questão de mostra-la e só ai pude agradecer aquele momento de felicidade que com certeza jamais vou esquecer. Veja, o que lembro como um grande momento de felicidade, Tão simples não? Não sei, imaginar o Bud Spencer que adorava bater forte, hoje ao tentar espantar uma mosca soltar um grito de dor, pela artrose aqui e ali, sei não. Eu não acredito nessa melhor idade, sinal de que felicidade para mim já era. Certa vez desembarquei de um avião Hércules da Fab as 08;30m da manhã e caminhei até as 16;00h com na saída 20kg nas costas duas horas depois 60 e 8 imaginem quantos... Agora, lendo que no Aeroporto John Keneddy, em NY tenho que está preparado para caminhar 10 minutos; vibrei com a alternativa de uma cadeira de rodas; Seria a felicidade de rodas????

segunda-feira, 16 de maio de 2016


O Livro da Vida.
J. Norinaldo.


Eu estive lendo o livro da minha vida, não sei se alguém já teve essa oportunidade ou curiosidade, eu quiçá por ser leitor compulsivo, o encontrei na minha mente, criei coragem  e o li. Sinceramente a partir da parte em que se sai dos garranchos e começa-se a entender, mesmo com certa dificuldade, imaginei uma boa leitura, apesar da singeleza dos fatos, das pessoas envolvidas, de períodos quase catastróficos, mesmo assim o início não me decepcionou muito. De repente muitas páginas em branco, isto me assustou, o que significava aquilo? Logo surgiram novas escritas e após uma longa leitura comparei-a com as páginas em branco e vi pouca diferença, somente tristeza e decepções. Depois veio um período animado e vibrante que logo se tornou sombrio e entediante mais uma vez decepcionante. Pensei que deveria ter interrompido aquela escrita aquela altura, deve ter faltado coragem ou alguma esperança em páginas melhores. Interessante como me chamaram a atenção tantas páginas em branco e num período onde havia tanta vida, tanta vitalidade. O que me levou a escrever tal texto? Esta semana estudando Inglês, pois pretendo ir a New York, peguei uma musica de Frank Sinatra para estudar, devido a sua excelente dicção “My Way” e logo no início ouvi:
 And Now, the end is near
And so I face the Final Curtain,
 May friend I’ll Say it clear,
 i’ll stat my case, of whic I’m Certain.
I’ve livid a life that’s full
I travelled each and every highway
And more, much more than than this
I did it may wai
E agora, o fim está próximo,
Então eu encaro a cortina final
Meu amigo, eu vou falar claro
Eu irei expor meu caso.

Eu vivi uma vida por inteiro
Eu viajei por cada e em todas as estradas
E mais, muito mais que isso
Eu fiz do meu jeito.

Talvez a letra tenha muito haver  com o cantor Frank Sinatra, não poderia haver comparação com o livro que ora leio; mas penso que agora, quiçá próximo do fim, quando as letras estão mais vivas, mais fáceis de serem lidas, já a ninguém interessa. E nesse ninguém estou incluído eu. Distraio-me tentando preencher as páginas em branco encontradas e sem condições de corrigir nada, sofro a cada bobagem cometida e que tão facilmente poderia ter sido evitada. Com certeza deferentemente da letra da música eu não fiz do meu jeito, ou até fiz, mas hoje faria quase tudo diferente. Conta-se que Frank Sinatra antes do suspiro final disse com muito espanto: Meu Deu! Como quem não acreditava no que estava para acontecer, ou seja, cerrarem-se finalmente as cortinas para sempre. Aqui, não haverá espanto, tudo naturalmente esperado e de certa forma agradecido, pois até a parte em branco foi preenchida, com sonhos ou delírios de quem terá que chegar ao final conversando comigo mesmo. Caso se realize meu sonho de ir até agosto do corrente a New York, farei o possível para ir até o local onde morava o Sinatra, até porque ele sem saber, fez parte dessas páginas em branco; enquanto o escutava e gritava para o garçom: “Traz mais uma por favor.”

domingo, 8 de maio de 2016


HOJE EU NÃO VOU CHARAR.

J. Norinaldo

Hoje eu prometi a mim mesmo que não choraria, hoje é o Dia das mães, é dia de alegria, de dar e receber abraços carinhosos, de sorrir ao lembrar das chineladas e dos carões, das vergonhas na frente da meninas por ter cometido alguma desobediência ou mal feito. Não, não chorarei garanti a mim mesmo e cumpri até agora; mas sinceramente não sou tão forte o quanto penso. Lembrei-me e senti saudades dos medos que sentia quando chegava em casa fora de hora, ou quando tinha certeza que a vara de marmelo assoviaria nos meus ouvidos e arderia no lombo, pela certeza do mal feito cometido e já tendo, já julgado e condenado e sem direito a recursos; senti saudades das dores causadas pelo contato violento da vara de marmelo ou qualquer outra contra o corpo frágil, mas de mente ativa e criativa que não fazia quase nada certo. Senti saudades das vezes que pensei em colher uma flor  e lhe entregar, mas não fiz; senti saudades até de nunca tê-la conhecido de verdade, pois como é claro, cheguei a vê-la, porem com nove meses de vida é impossível se guardar a imagem de alguém. Sozinho, porque não quis arrastar minha esposa  para o poço da solidão em que me encontro, o dia inteiro de pijama, um pijama que calhou muito bem com o momento, escolhido por ser quente e aconchegante, não foi reparado na hora que mais parece a roupa de um presidiário. Recebi cedo a visita de um velho amigo que não minha tristeza, apenas perguntou: Estás indo ou vindo do presídio. Sorris e não disse nada, mas pensei: Estou nele, no presídio do meu próprio eu. Depois até nem sei porque, peguei o meu Passaporte e lhe exibi o Visto americano e ele me perguntou: Deves está muito feliz de realizar um sonho; e mais uma vez pensei: estaria muito mais se na minha lista constasse algo para alguém que não me quis ou não pode me levar para onde foi na dúvida se não era melhor deixar-me. E com quem fiquei e chamei de Mãe enquanto pude, também faz alguns anos, após visita-la em Pernambuco, me ligou por volta das 15:00h, disse-me que tinha algo a me dizer, mas esquecera, ficava para outra vez; horas depois novo telefonema, imaginei que lembrara do que havia esquecido, mas não, era a triste notícia que havia partido para sempre. Como me segurar e não chorar? Caso venha a ler esse meu desabafo, e tenha sua mãe,  fique triste valorize-a cada vez mais a cada segundo, se não tiver mais, chore, não banque o durão ou o idiota, não tenha vergonha de chorar. Se estivesse perto não lhe levaria flores hoje, tive tantas chances de dar-lhes em vida e não dei. Se Deus e a América permitir, estarei feliz sim ao realizar o sonho de conhecer New York, mas com certeza lá chorarei também, como chorei quando ela conseguiu dois cruzeiros, costurando numa máquina de mesa que trocara por uma porquinha de brincos que eu gostava muito; no início odiava aquela máquina, mas dela que surgiu o dinheiro para eu ir ao Cine Santo Antônio em Cachoeirinha, lembro-me até que sentei no oitava fileira do lado direito na eira cadeira; o filme não lembro mais, mas lembro que chorei, ao não vê-la do meu lado. Morreu com mais de oitenta anos e talvez nunca tenha ido a um cinema. Ainda bem que isto é bem grande e desinteressante, tomara que ninguém leia; as vezes, escrevo para mim mesmo. Dizem que chorar faz bem. A quem? E o que faria sorrir?