segunda-feira, 31 de dezembro de 2012




Sonho de Fim de Ano.
J. Norinaldo.


A minha última crônica do ano tem algo de engraçado ou de inusitado, geralmente sonho com algo que me remete ao passado, principalmente se não é algo que me traz tristeza, gosto de registrar escrevendo e guardando, agora postando no meu blog. ““Pois bem, hoje acordei e lembrei que tinha sonhado com minha querida mãe que Deus levou há algum tempo, ela me mandava comprar” Espermacete”. Nossa, acredito que a última vez que vi essa palavra foi quando li Moby dik e isto faz muito tempo. Bem, mas me lembro de algumas vezes em que minha mãe me mandava pedir emprestada a D. Olímpia, vizinha nossa por muito tempo espermacete, que na verdade pronunciava “Parmacete” para passar roupas brancas, já que costurava roupas para amigas e freguesas. Coloquei o nome no Google e ai embaixo está um resumo, fonte:” Wikipedia”. Assim por cima, me decepcionou por não falar na utilidade da qual se utilizava minha mãe, passar roupas; lembro que ela passava várias vezes o ferro cheio de fumegantes brasas sobre o paletó ou camisa, e depois o tecido ainda quente esfregava aquela coisa branca que mais parecia uma vela quadrada. Será que somente minha mãe utilizava o espermacete para este fim? Impossível pois pelo menos nossa vizinha que sempre emprestava pra ela ou quando não tinha procurava lá em casa fazia o mesmo.
Lembro bem de um dia 7 de setembro de muitos anos atrás, ainda estava escuro quando minha mãezinha preparava meu uniforme para desfilar, era sempre um dia muito especial, além de usar a roupa feita especialmente para o evento, calças compridas azul marinho, camisa branca impecável passada com espermacete, um casquete, ou gorro militar branco, e a única reclamação: os sapatos, usados somente nesse dia ou quando ia a missa; era um verdadeiro sacrifício que no fim valia a pena. Muito bem, nesse dia como dizia lá em cima, ainda escuro minha mãe me mando a casa da vizinha de sempre buscar espermacete, ou parmacete como ela dizia, na volta eu vinha tentando entender o que era aqui, já pensou se alguém me diz que aquela coisa branca saia da cabeça de um cachalote, que era algo que preenchia uma cavidade da sua cabeça e que um adulto chegava a ter 2000 kg daquilo, apenas numa cavidade da cabeça? Por isto, hoje eu sei que existem muitas coisas com o tempo certo para sabermos, senão não tem cabeça que aguente, mesmo de um cachalote. Até por que eu iria pensar que esse alguém confundiu com chocolate. Só um minuto que o meu celular está tocando, ah! Imagina pensar em celular naquela época, para se ter uma ideia, no lugar onde eu morava e minha mãe passava roupa com espermacete, ou parmacete como queiram, não existia telefone, eu nunca vira um.
Bem, voltando, apesar de também lembrar que este ano quase não houve o desfile, era a grande dúvida, pois o Presidente da República tinha se suicidado no mês anterior, no dia 24 de agosto, nem lembraram que no dia 25 era meu aniversário, 7 anos, bah! Faz tempo, não vou colocar aqui o nome do presidente para não saberem a minha idade.
Ai está meu relato sobre “Espermacete” se teve alguma utilidade não sei, agora de uma coisa tenho certeza, levou-me de volta numa gostosa viagem ao passado distante, até por que estamos preparando o passo para entrarmos num futuro incerto; pelo menos o passado nos dá uma grande certeza, ninguém jamais irá morrer lá.
Se você é do tempo em que se passava roupa, principalmente branca ou de linho com “Espermacete” até parece que estou vendo seu sorriso e o trejeito que fez com a boca...
“O espermacete tem sido utilizado para vários fins, entre os quais o fabrico de velas, muito apreciadas por arderem sem libertar fumos ou odores, fluido de transmissão automática, lubrificante para instrumentos delicados de elevada altitude, cosméticos aditivo para óleo de motor, glicerina, compostos de protecção contra a ferrugem, detergentes, fibras, vitaminas e mais de 70 compostos farmacêuticos.
A substância era também usada na confecção de velas padrão para fotometria, sendo a base de um dos padrões usados para avaliar a intensidade luminosa. Uma candela foi definida como a luz emitida por uma vela de espermacete puro que queimasse 7,77 g da substância por hora.
Outra importante área de utilização era em medicina e cirurgia, especialmente na confecção de pensos encerados e de unguentos, e na feitura de preparações cosméticas”.(Fonte.Wikipedia”

domingo, 30 de dezembro de 2012




                                                    Ao Encontro de Mim Mesmo.
                                                              J. Norinaldo

                                                 FELIZ ANO NOVO A TODOS.

Estou indo ao encontro de mim mesmo, para refletirmos sobre o ano que passou e decidirmos as mudanças que queremos, para não fazermos como antes já fizemos, esquecemos de propósito o passado e os mesmo erros cometidos novamente cometemos. Vou sentar-me frente a frente com eu mesmo, não a esmo, mas sim para refletir, se vale a pena escolher novos caminhos, plantar rosas mesmo que tenham espinhos, sofrer por amor, mas não mentir. Estou indo se alguém  quiser ir comigo, mais um amigo para comigo seguir, a subida da montanha é tão sofrida, fica mais fácil se o fardo dessa vida dividir.
Estou indo ao encontro de mim mesmo, não espero nenhum tapete vermelho, quero encontrar comigo mesmo, não a esmo como faço sempre a frente de um espelho, com a certeza que um dia desse espelho fugirei, e me refugiarei no meu mutismo por que um dia  desse encontro por covardia declinei. Agora é o momento eu sei.

sexta-feira, 28 de dezembro de 2012





O Tempo e a Beleza.
J. Norinaldo.


Alguém postou no Facebook e eu compartilhei e guardei, uma foto do Kirk Douglas brincando com os cabelos negros da Brigite Bardot, com uma mecha fingindo ser seu bigode. Imaginem Brigite Bardot com cabelos negros, a foto mostra uma moça que aparenta 17 ou 18 anos no máximo, e o Kirk, desculpem a intimidade, mas se não conheci naquela época não foi muito tempo depois, pois é, o Kirk com 35 talvez, ou menos. Ai, me veio a memória um filme que assiti faz pouco tempo: “Acontece nas Melhores Famílias” Com Kirk Douglas, e Mike Dougrlas seu filho, também grande ator. Pois bem, no filme, o Kirk que faz o papel de pai do seu filho, é um velhinho muito velho, que em determinada cena vai aplicar insulina na coxa, e realmente dá pena ver o físico do antigo Espártaco capaz de lutar e vencer leões na arena, hoje não teria certeza de vencer um hamster.  Esta mesma pessoa que postou tal foto, também postou uma da Brigite atual, com uma enorme deformação no pescoço, e como não poderia deixar de ser, bem diferente da fotografia supracitada; fiquei a meditar: será que isto não serve de exemplo para ninguém? Que a efemeridade da juventude e da beleza são realidades imutáveis e intransferíveis?
Há algum tempo estive na casa de uns amigos, e fuçando no quintal a procura de algo para segurar uma mesa que improvisei na piscina, encontrei atrás de um monte de trastes, um pôster quase tamanho natural encartado em madeira, já quase totalmente deteriorado pelo tempo e o local onde estava armazenado, mas dava para notar que era de uma bela mulher, envergando um ousado biquíni para a época acredito eu, uma bela e invejável plástica, o rosto quase intacto, mostrava a beleza e a sensualidade de grandes olhos e lábios carnudos e belos, além de um belo sorriso. Enquanto admirava aquela beleza jogada ao mofo, não notei que alguém chegava por trás de mim, senti somente que  me tomavam aquilo das mãos com certa violência, e tentava quebra-lo ao meio usando o joelho; era uma senhora gorda, com cabelos pintados já há algum tempo, o que deixava ver bem que foram pintados, no rosto muitas rugas além da amargura do momento. Não tive tempo para me desculpar, aliás não saberia por que me desculpar, ela pegou aquilo e encontrou o fogo onde se fazia um churrasco e ali depositou o que em outra época representou orgulho com certeza. Preciso dizer que era a diva do quadro? Não me deu nenhuma explicação, também não as devia, e durante todo o encontro, evitou falar comigo; tempos depois, se desculpou dizendo odiar aquela foto. Eu não a conheci na época, mas dizem que realmente era demais; o que o tempo fez com ela foi muito mais que demais, pode acreditar.
Não sei se soube realmente expressar o que na verdade queria dizer, e também não sei se estou certo ou estou errado mostrando ou tentando mostrar a vida por este lado. Bem, se alguém leu isto e aprendeu alguma coisa, sinto-me recompensado. Uma só que seja.

quarta-feira, 26 de dezembro de 2012




Quer ser o que quando crescer?
J. Norinaldo.


Fui ao banco receber um alvará emitido pela Justiça, lá chegando não demorou muito e um jovem me chamou e pediu que sentasse a sua frente; Em que posso ajuda-lo perguntou como deve repetir centenas de vezes durante o dia. Bem, lhe entreguei o alvará ele então perguntou se eu era eu mesmo, no que confirmei sem nenhuma dúvida, mesmo assim me exigiu o documento de identidade, como minha carteira civil está com uma letra errada no nome, preferi lhe entrega a de Fuzileiro Naval. Notei que o jovem a segurou e ficou durante certo tempo olhando-a, pensei achou pequena, mas não, logo a seguir perguntou-me o senhor é da marinha? Sim respondi, agora estou na reserva, mas durante 31 anos estive engajado neste mister. Notei uma súbita mudança nos olhos e no interesse do jovem pela minha pessoa, esqueceu de vez o que mais me interessava e entabulamos uma conversa naval. Então o senhor já esteve no mar? Claro, respondi novamente, seria muito difícil ou quase impossível passar 31 anos servido a marinha do Brasil ou de qualquer país sem conhecer um ou mais oceanos. Já viajou de submarino? Já, uma pequena viagem mas fiz. Lá embaixo não se vê nada não é mesmo? Só com aquele negócio que sai fora d’agua que se vê alguma coisa não é? Claro que não, o Periscópio é para ver fora da água, lá embaixo você vê sim, tem recursos para isto.
O que me chamou a atenção mesmo, foi que o jovem esqueceu que trabalhava num banco, e apesar de atrás de mim existires várias cadeiras para que os clientes aguardassem com certo conforto, queriam ser atendidos, e fiquei a pensar: muitas vezes senti inveja, inveja boa é claro de jovens que trabalhavam em bancos, agora vejo que o meu trabalho foi e será muito mais empolgante; a rotina acaba com qualquer coisa, inclusive com os sonhos. Imagine 31 anos trabalhando no mesmo local, as mesmas paredes, os mesmo balcões, as mesmas pessoas, os mesmo gestos... Pode ver meu saldo por favor, pode tirar meu extrato?  Assine aqui por favor. Sem mudanças, credo! Não sei se aguentaria. E eu que pensava que meu trabalho sempre fora o pior...
Uma vez fizemos uma missão e junto conosco foram 3 jornalistas, entre estes uma moça muito bonita, quando retornamos, no Cais da Praça Mauá no Rio de Janeiro ela me disse: Nossa! É muito legal ser fuzileiro Naval. Pois eu pensava justamente o contrário: nossa! Deve ser muito legal ser jornalista.
Bom mesmo seria experimentar tudo que quisesse até encontrar o que realmente nos agradasse ser, não é mesmo? E uma coisa eu te garanto, Submarinista voluntário eu não seria nunca, e bancário, agora já não sei.

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012




Os Dragões da Minha Infância.
J. Norinaldo.


Quando eu era criança, morava num casebre muito pobre, havia em minha casa um velho armário de madeira que servia como guarda roupa e dispensa ao mesmo tempo; da minha rude cama eu observava todas as noite até a hora em que as lamparinas a querosene eram apagadas em cima deste velho armário uma caixa de chapéu. Era bem feita, arredondada e tinha dos lados alguns ingleses vestidos para caça a raposa, montando belos cavalos e tendo belos cães a sua frente; vim saber que era a famosa caça a raposa muitos anos depois. Aquele cenário foi para mim durante um longo período, como a Caverna de Platão, aquelas figuras estranhas, vestindo roupas muito justa e com estranhos chapéus povoaram meu imaginário salpicando-o de também estranhas estórias que nada tinha com seu verdadeiro objetivo, caçar raposa. Consegui no Google, exatamente a caixa que havia há tantos anos em cima daquele velho armário. Muitas vezes eu sonhava acordado que era um daqueles elegantes caneleiros e que ganhava todas as corridas para impressionar a menina que amava, mas que dificilmente falava comigo na escola, além de muito bonita era uma das mais ricas do lugar onde eu vivia, mesmo assim também fazia parte das figuras da minha Caverna de Platão.
Hoje, quase ninguém mais usa chapéu, e estes já não vem em caixas como aquela, ou esta que mostro logo acima ou logo abaixo, lembro-me bem que tanto os meus amigos da vila montavam cavalos que tinham nome, assim como os cães que eu não fazia a menor ideia do que faziam no meu sonho, só sei que na verdade nunca esqueci aquela caixa de papelão e meus heróis. Confesso que fiquei um tanto decepcionado quando descobri a verdade sobre eles, achei uma aventura um tanto sem graça, vestir roupas tão bonitas, montar cavalos tão belos para sair correndo atrás de uma raposa, mas isto já foi bem depois, depois até de pisar a terra onde pretensamente corriam aqueles homens em cima do velho e pobre armário.
Assim como meus amigos da caixa de chapéu, certo dia acordei e descobri que meus amigos imaginários também não existiam, e que eu deveria deixar para sonhar enquanto dormisse, pensei que seria fácil viver sem eles, não foi, e continua não sendo até hoje, alias eles ainda estão comigo, só não posso é revê-los sem correr o risco de ganhar uma camisa de força. Tenho sim, saudades dos cavaleiros elegantes da minha caixa de chapéu, e muito orgulho de ainda me juntar com meus amigos imaginários, às vezes lembro suas feições, as vezes não, mas isto pouco importa, o que me importa mesmo é que aquele menino que sonhava com o cavalo da frente da caixa de papel, ainda está comigo, e comigo viverá até o fim. E por sinal é bom ressaltar que a corrida continua pela ponta, jamais para caçar o que quer que seja, e o mais interessante, passa o tempo,mas ninguém me passa nessa corrida. Ah! Como é bom sonhar, no sonho você é o que quer ser; portanto nunca deixe de sonhar.