Use como quiser o seu direito ou liberdade, não esqueça, no
entanto que ela termina ao começar minha.
J. Norinaldo.
Eu vivi 31 nos no corpo de
fuzileiros Navais, Durante este período que não é curto, como tenho uma memória
de elefante posso dizer com certeza que por Quatro vezes tive a honra de ouvir
a voz de Suas Excelências Quatros
almirantes dirigidas diretamente a mim. A primeira vez servia no Batalhão
Riachuelo em 1967, e houve uma mostra de pessoal em uma segunda feira em que
cheguei atrasado e não pude escapar e formei em frente à lavandeira com o
uniforme que tinha para o dia e não era lá essas coisas, somente um gorro de
pala fabricado por um cabo que alguém que ali serviu naquela época vai saber
quem é, que realmente era o que se chamava na Marinha de impecável, eu tinha um
desses. Quando sua Excelência parou a minha perguntou em voz alta: Seu nome
completo e número fixo! Eu também gritando lhe respondi o exigido, ele então
disse: Suspende o gorro! Obedeci e ele gritou ao oficial que o seguia com uma
prancheta e papel: “Anota o resto”!
Segunda vez houve um problema confuso em que
fui acusado de ter negligenciado meu trabalho como comunicador e tive que me
explicar com outro almirante, desta vez me dei muito bem. Terceira vez: Eu
trabalhava no mesmo andar que dois almirantes tinham seus gabinetes e seus
camarotes, e um deles corria todas as manhãs, e eu saia da minha secção para
fumar de dez em dez minutos num canto onde havia um grande cinzeiro feito por
um cartucho de projetil de canhão, e um belo dia ele disse em voz alta: Não
pode ser coincidência sempre que venha da minha corrida encontrar aqui este
sargento fumando; isto causou um tremendo reboliço, não fui preso, mas
admoestado veementemente, o tal cinzeiro sumiu do local, não só ele, mas todos
da área e eu fui aconselhado a ir fumar no inferno, preferi a lixeira onde o
Almirante não passaria nem perto com certeza. A quarta e última, eu saia do
antigo Primeiro Distrito RJ e bem na hora tocou o Cerimonial de arriar da
Bandeira Nacional, e como militar, mesmo em trajes civis, fiquei na posição de
sentido em respeito a um dos nossos maiores símbolos diante do qual jurei
defender meu país com o sacrifício da própria vida, quando ao meu lado um
senhor de certa idade, também ficou na mesma posição de respeito. Terminado o
cerimonial e para minha surpresa, fui reconhecido por um Almirante da Armada
que comandara o Sexto distrito Naval e por algumas vezes fui seu rádio
operador, e este me perguntou como ficara os prédios que ele iniciara construir
na pequena Ladário MS, aliás o primeiros
edifícios da cidade e foi a segunda conversa
que posso chamar de amistosa, uma porque enquanto todos me acusavam de
algo que eu não fizera, eu tinha uma Xerox da verdadeira ordem recebida.
Portanto durante 31 anos fardado,
não somente um Almirante foi para mim como uma estrela, não aquela que carrega
nos ombros, mas uma que faz parte de alguma galáxia, a distancia seria a mesma,
mas qualquer outro oficial, pois cheguei a ser chamado de amigo por alguns, um
deles a quem considero muito até hoje certa vez me disse: ”Ai daquele que
retribuir a amizade que lhe dedico com intimidade”. Será que existe isto?
Amizade sem liberdade?
Bem tudo isto para dizer que
depois dos meus 31 anos jurados e cumpridos, agora na minha casa, humilde, mas
minha, onde sou o comandante ou imediato, pode ser que a patroa venha a ler
isto e vou ter que dar explicações, vou querer voluntariamente a visita de
Almirantes da reserva que já não são estrelas tão distantes, justamente porque
enquanto brilharam na caserna esqueceram que um dia o barco atracaria em algum
porto, alguém lhe bateria no ombro e a banda tocaria para ele a Marcha Batida
Corina pela última vez? Não! Não mesmo, posso ser antipático ou diferente, mas
quero manter a mesma distancia de antes, de preferencia em anos luz; não
censuro quem vive lhes mostrando as próteses, não é da minha conta, mas também
não aceito que tentem me convencer do contrário. Faria parte de alguma
associação de Veteranos onde constam em seu rol estas autoridades, caso
frequentasse também o Clube Naval.
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