Sou Feliz, mas finjo não Saber.
J. Norinaldo.
Há uns 20 anos fui mandado pelo
meu quartel, 3° Btl/FuzNav Paissandu a uma metalúrgica em Gramacho, Duque de
Caxias RJ, para encomendar alguns artefatos militares, a tal metalúrgica,
ficava ou fica bem na entrada do aterro sanitário da cidade do Rio de Janeiro,
onde toneladas e mais toneladas de lixo são jogadas por minutos. Ali, vi de
perto um pouco do inferno, seres humanos disputando contra porcos e urubus cada
centímetro de podridão, em busca de algo a ser vendido, ou levado para comer,
para manter uma vida que sinceramente ali parado a pensar, não cheguei a uma conclusão
se valia a pena.
Alguns barracos feitos com
material do próprio lixo fritavam linguiça e outros salgados, e com certeza o
zumbido das moscas varejeiras superava em muito a negra frigideira que eram
vendidos aos trabalhadores do lixo; que comiam com gosto aquele quitute, também
disputado pelas moscas azuis.
Vi crianças dentro de caixas de
papelão também recolhidas no lixo, brincando inocentemente com algo que a mãe
recolhera da imundice, vi pessoas azuis como as moscas resultado da poeira fina
ou até de gases provenientes do lixo, e como nunca havia presenciado nada
igual, pensei com meus botões: Sou feliz, mas finjo não saber.
Ontem vi na TV um programa mostrando
o lixão do Gramacho e os seus catadores, nada mudou nesses 20 anos, apenas a
montanha cresceu o que é natural, agora marcam o fim daquele bizarro cenário
para alguns meses, e vi muita gente reclamando que vai ficar sem seu ganha pão,
com certeza não é o que o diabo amassou, o diabo é esperto para ir a um lugar
daquele.
Enquanto isto na casa do BBB,
rola luxo e sacanagem de montão, no fim ainda dão um milhão; pena que ainda tem
gente que sai do lixão pensando em assistir um lixo maior e mais podre ainda,
onde a roupa mais comprida cabe na mão de uma criança, não fosse os fios
dentais tão exibidos, com certeza as moscas azuis do lixão do Gramacho
ganhariam novo endereço, pois o odor de bacalhau azedo seria insuportável.
Fuiiiiiiiiiiiiiiiii