Honra e Preconceito.
J. Norinaldo.
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Assisti há muito tempo a um filme americano, a
história de um marinheiro negro que queria ser mestre de mergulho da marinha
America, o encarregado da escola era Robert de Niro, fumava um cachimbo o tempo
todo. Muito bem, esse marinho se inscreveu e viajou para a Base Naval onde se realizava
o tal curso, logo de chegada, foi mandando descer do Jipe em que vinha e ficou
em pé no sol quente por muitas horas, esperando não se sabe o que; depois que
se juntou a turma de brancos, passou pelos mais terríveis sofrimentos por ser
negro; o Almirante dizia abertamente que jamais um negro seria mestre de
mergulho naquela base enquanto ele a comandasse e pudesse impedir. Há uma cena
em todos os candidatos, mergulham e lhes é jogada uma bolsa cheia de
ferramentas para que montem algo embaixo d’água, para o negro as ferramentas
são jogadas sem bolsa e enquanto os brancos cumprem a tarefa em no máximo 40
minutos, ele leva mais de duas horas e meia na tal missão. No final o
marinheiro cujo papel é desempenhado pelo ator Cuba Gooding Jr torna-se Mestre de Mergulho por decisão da
Justiça Americana, depois de perder uma perna num acidente onde foi um
verdadeiro herói, teve que mostrar que mesmo com uma perna mecânica, seria
capaz de se movimentar com um escafandro antigo e muito pesado.
Fico pensando no sofrimento
daquele almirante preconceituoso que teve que engolir a coragem e a decisão
daquele ser humano, do qual ele tentou tirar o direito de ser aquilo que queria
ser apenas pela cor da sua pele; sem em momento algum procurar saber do seu
valor, do seu caráter, pois Robert de Niro lhe comunicou várias vezes que
aquele aluno era forte nesses itens tão valiosos na vida de um ser humano.
Aquilo foi um filme, atores agem
exatamente como está escrito, cumprem com talento seus papéis, acontece que isto não é hipotético
naquele pais, o preconceito existe e é fortíssimo, diferente daqui, onde existe
mas, camuflado, imagine-se o sofrimento de um americano branco e preconceituoso
como este do filme ao ver Barack Obama, negro, Presidente do Estados Unidos da
America.
Por aqui não é diferente, e já
deveria ser esperada a reação preconceituosa de ter um trabalhador como
Presidente do Brasil, claro que não dá para comparar, Lula foi somente o mais
poderoso da America Latina, o outro é o mais poderoso do mundo.
Não sei dizer o que sofre o
preconceituoso num caso assim, pois não sou, mas também não queria ser por que
deve ser terrível já que todo preconceituoso é também um invejoso em potencial,
e como o invejoso sofre mais com o sucesso dos outros que com seu próprio
fracasso, deve ser muito triste.
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