Duas Mochilas.
J. Norinaldo.
Há Muitos anos eu tive essa mesma
chance e perdi, e como diz o ditado coisas nunca volta “ A Senta atirada e Palavra
dita. Mas tem outra coisa as chances não aturam desaforo. Eu não gostava de
estudar, não tinha nenhum incentivo em casa, e mesmo naquela época remota, sabia
que ao chegar ao fim do curso primário teria chegado ao final dos meus estudos,
vivia em uma vila e mesmo numa tenra idade não via nenhuma perspectiva; aqueles
que tinham dinheiro iriam para a cidade continuar os estudos, maioria ara o
roçado plantar milho e feijão para comoer. Hoje gosto de estudar, engraçado, sábado
conversando com um amigo ele me convidou para fazer ciências Políticas, Em Mato
Grosso do Sul, numa época em que havia mais vaga que candidatos recebi e recusei veja só hoje eu tenho 67 anos de existência
e agora gosto e tenho incentivo e direito e lugar para estudar. Eu também na
época de entrar para uma faculdade carregava minha mochila, ali dentro, comida,
fardas e apostilas que ensinavam a matar, graças a Deus nunca precisei matar
ninguém, a não ser os meus sonhos e ideais, entreguei-me ao vício do álcool,
muitos por muito censurado e com razão, fui covarde em não perseguir ou seguir
o caminho que o destino timidamente me apontava. Vi uma música com a Marina
Bethania algo como “o caminho é feito entre a seta e o alvo” eu aprendi
diferente que o caminho se faz” entre o olho e o alvo”. Bem, mesmo tendo na
mochila objetos diferentes, não me queixo da minha atual situação financeira,
sei e vejo todos os dias pessoas saindo de casa para o trabalho aqui no sul com
frios abaixo de zero ganhando um terço do que ganho, embaixo de dois cobertores
de 16 k cada um, para levantar a noite para ir o banheiro é uma verdadeira
faina. Isto porque detesto aquecedores elétricos.
Tenho certeza que serei muito
censurado, e com razão, afinal a vida era minha, o destino era meu, porém se eu
pensasse em 1965 do mesmo modo que penso hoje com certeza não teria tido uma
vida, e tenho conversado com muitos colegas daquela época e perguntado pelos
filhos; bem, um dos meus meninos entrou para o Exército e é coronel, outro dia
via aqui a postagem de um coronel amigo meu que dizia o seguinte: Jurei morrer
pela Pátria, mas não de fome”, claro que há certo exagero, mas na verdade não é
o que ele sonhou. Não tive filhos, mas se tivesse, juro que teria feito
qualquer coisa para ele não ser o que sou, não passar pelo que passei, como a
maioria, corente, inteligente e humano tem feito. Tudo para que seus filhos estudem,
e aprendam, para serem alguém na vida. Sabe aquela fabula da raposa e a uvas?
Pois é, hoje muita gente pode até dizer eu fui não, eu sou feliz; claro não tem
retorno, é igual a palavra dita e a seta atirada. Não pensem apenas na critica e sim na
realidade.
Tenho aqui no sul um amigo que
praticamente com minhas histórias, a maioria mentirosas ou no mínimo fantasiosa
o coloquei o CFN, não vou citar seu nome; um dia encontrei com ele que faz
muito tempo é médico e brincando como quem diz a verdade me disse; Cara cheguei
a te odiar muito. Eu entendi.
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