sábado, 14 de fevereiro de 2015



Saudade Dói, mas não Mata.
J. Norinaldo.


Muitas vezes eu me flagro pensando, divagando que esta cidade  nunca existiu a não ser na minha mente fértil fantasiosa de escritor e poeta que penso que sou. Na maneira que existiu e como a conheci, as amizades formadas ali e que muita delas perduram até hoje e com certeza até o final das vidas. Outras vezes penso tratar-se de uma cidade encantada que aparece ou existe apenas para alguns privilegiados.

Sempre que vejo filhos deste lugar ou pessoas que apenas aqui viveram se referirem a ela é de uma maneira tão especial, que mesmo em algumas brincadeiras que de certo modo para outra cidade soaria de mau gosto, sinto certa dose de amor na própria ironia. Vim conhecê-la por acaso, ou para ali o destino me levou, existem certos lugares nesta cidade a que me refiro em que sinto algo tão bom e tão estranho que na verdade não saberia explicar.

 Quando era muito pequeno, lá na minha amada Vila de Cachoeirinha PE, estudei em uma Escola pequena, porém para mim naquele tempo era a maior do planeta, eram duas peças com um espaço central e um alpendre que rodeava toda a escola;  parte que servia de sala de aulas, pois na outra morava o zelador com a família, sempre que tinha oportunidade eu ficava parado no alpendre que ficava atrás da sala de aula, por minutos e  ali parecia viajar, ou  sentia um bem estar tão grande que me faltam palavras adequadas para dizê-las.

 Pois, muito bem esta cidade supracitada tem alguns lugares onde me senti assim por muitas vezes; alguns hoje nem existem mais como eram antes. Faz 10 anos que estive em minha Vila hoje Cidade, e quase 40 anos depois, minha Escolinha já não existe mais, para minha tristeza, mas para um último resquício de alegria, restava o piso e fiz questão de procurar o meu lugarzinho e estranhamente para muitos que ali passavam fiquei parado e tive a quase certeza que estava no lugar certo.

 Outro dia telefonei a um colega e ele me perguntou: Estás sabendo que há um boato que os Fuzileiros Navais voltarão para Uruguaiana? Não! Respondi. E nem sei se isto seria para nós que ali vivemos, vivenciamos tantos fatos, guardamos tantas fotos junto com tantos que hoje já não estão mais entre nós para se deleitar com tal notícia. Sempre que vou a Uruguaiana faço questão de uma visita ao velho Grupamento, mesmo lembrando que chegava de manhã e a primeira ideia era ir embora, e ao Mausoléu  dos Fuzileiros Navais, onde estão antigos companheiros de farda e de aventuras, apesar da dor que isto me causa, só deixarei de fazê-lo quando realmente não mais puder.

Tenho certeza que este sentimento não é exclusivamente meu, que ali pisei pela primeira vez no carnaval de 1969, não me lembro se foi neste ano que os cabelos de Bom-Bril da nega Tereza se enrolou nos fios elétricos dando um susto no Vilmar. São tempos que não voltam mais, mas como com os tempos modernos conversar é algo em extinção, se não escrevermos de vez em quando o que o coração insiste e a alma manda, no passado tão bonito poderá ficar trancado no paiol do esquecimento, e corramos o risco de que nossos netos sejam privados de uma história tão gloriosa e bonita.

 Aproveitemos este mesmo modernismo que serve para aproximar quem está longe e distanciar que está perto e reviremos os armários e as velhas caixas de sapatos e postemos aqui fotos mesmo que velhas e amareladas. Saudade dói, mas não mata.

Imagine esta foto e feche os olhos e imagine a Banda do Lino na Frente. Caso venha a chorar, não se envergonhe, eu chorei ao escrever isto. Chorar de saudades de coisas boas faz bem para os velhos corações. 

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