domingo, 26 de dezembro de 2010


Eu e Bararella.
J. Norinaldo.
No dia 25 de Dezembro, portanto no dia de Natal, assisti a um filme, não é sempre que faço isto, mas minha mulher avisou-se que passaria este e que talvez eu gostasse. Muito bem, assisti se gostei ainda não sei pela simples razão de não tê-lo entendido muito bem, não o filme, mas a mensagem que sempre procuro em cada película que assisto. Mas, o que quero relatar aqui é o seguinte: outro dia, encontrava-me na fila do banco que era bastante extensa, quando alguém bateu em meu ombro e disse: o senhor pode ir para aquela fila ali, que está bem menor, olhei e era a fila dos idosos. Senti-me muito mal, agradeci ao jovem, e permaneci atrás dele. Ainda não me acostumei, ou a ficha ainda não caiu que já estou fora do prazo de validade, o que às vezes causa-me desagradáveis surpresas. Muito bem, falava do filme, e foi este que realmente mais uma vez me fez lembrar do tombo da tal ficha. Começou o filme, e como havia me retirado da sala em busca de um cafezinho, não tive oportunidade de ver o elenco anunciado no início, mas assim que surgiu uma senhora, uma dessas que chamam na melhor idade, a reconheci e tomei um susto; pois ela fazia o papel de avó da Toda Poderosa, que era uma jovem revoltada, filha de uma mãe bêbeda.
Barbarella, não a jovem revoltada, nem tampouco sua mãe chegada a um porre, mas sua avó, isto mesmo, sua avó era Barbarella. A toda poderosa Jane Fonda, escolhida para o não menos poderoso papel de Barbarella, aquela que transava por telepatia. Assisti a este filme num cinema de Botafogo no Rio de Janeiro, lembrar que foi num cinema até foi fácil, o nome nem tento, lembro que a última vez que estive naquele bairro, o tal cinema virara Igreja e hoje já não sei mais o que é. O pior, é que para mim isto foi ontem, só vi que realmente fazia mais tempo, quando num intervalo do tal filme de agora, fui levantar-me da poltrona para ir novamente tomar mais um cafezinho e vi o trabalho para sair da confortável posição em que me encontrava.
Interessante que antes do filme, minha mulher assistia ao Show do Rei e no final dizia: Meu ídolo já não é o mesmo. Fui para a cama pensando: Por que não deixam pensar que tenho a idade que acredito que tenho? Por que alguém te que me mostrar que até os ídolos ficam velhos? O que será que sente a Jane Fonda se alguém lhe aponta a fila dos idosos num banco? E o que sente você quando alguém se oferece para ajudá-lo atravessar a rua, ou lhe oferece o lugar no ônibus? Confesso sinceramente que não me sinto bem.
Como dizia Pedro Nava: “A velhice deveria chegar uma semana antes da morte”.

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