domingo, 10 de fevereiro de 2013




Beleza, Riqueza e Felicidade.
J. Norinaldo.


Outro dia numa visita a uma amiga, conversávamos sobre vários assuntos como ocorre em longos papos, de repente surgiram meus contos ainda inéditos e comecei a contar alguns deles incompletos é claro, mas que dava uma completa idéia do contexto. Ela ouvia atentamente sem me interromper, terminava um e logo vinha a pergunta: lembra de mais algum, estou adorando; no final, quando nos despedíamos, ela olhou-me sorrindo e disse: Posso lhe fazer uma pergunta, claro que seria mais de uma, respondi afirmativamente e veio: Por que todas as mulheres dos seus contos, pelo menos os que me contou, são linda? Instintivamente olhei para a cadeira onde estivera sentado até então, ela entendeu e disse:  A pressa é sua, adoraria ouvir a resposta da minha pergunta, que realmente me chamou muito a atenção. Sentei-me, pedi um copo d’água e comecei: Sabe, este livro que te trouxe outro dia, meu primeiro romance editado, que você disse ter adorado a história? E é a mais pura verdade afirmou ela; pois bem, quando apresentei os originais na editora, o encarregado de corrigir o texto chamou e disse:  A capa do seu livro não vende, a história é muito boa, prende o leitor do começo ao fim, mas sem uma capa boa, o leitor não vai ficar sabendo da história; quer eu lhe faço uma capa que realmente chama a atenção. Eu argumentei que a minha capa contava um pouco a história ali embutida, e ele asseverou: Como já lhe disse o leitor só vai saber disto comprando e lendo seu livro, com esta capa, acho difícil. Insisti na minha capa, não vendi quase nada.
Está mais do que provado, que a beleza externa ainda é de valor preponderante e predominante para nós seres humanos, o que não acontece com os irracionais, você jamais verá uma águia demonstrar nojo de um abutre, ou vice versa.
Sabe, outro dia fui convidado para uma janta na casa de uma amiga, coisa simples, mas era uma festa, uma comemoração, ela ganhara na justiça a casinha onde mora com seus sete filhos. Uma galinha com arroz, cada um com seu prato na mão, mas ali, eu pude ver a felicidade, tinha quase certeza que se quisesse poderia até tocá-la; olhando para a casinha, num terreno de 10x20m dois quartos, sala, cozinha e banheiro, para oito pessoas; e ai, veio-me a cabeça a história da filha de um armador grego que há muitos anos cortou os pulsos e morreu dentro de uma banheira, que com certeza custara muito mais não que aquela casinha, motivo da festa e de tanta felicidade, mas de todo quarteirão onde ela se encontra.
Ai, eu te pergunto: será que novamente irei errar na capa do meu próximo livro? Será que a felicidade está realmente onde eu acredito que esteja? Você compraria meu livro, caso tivesse na capa uma mulher muito feia, aparentemente, tendo ao lado um cão sarnento?
Agora te pergunto eu: Por que a tua pergunta? Até por que você é linda...Que tal ser a capa do meu próximo livro? Ela franziu a testa, deu um sorriso e respondeu: Seria uma honra, mas, sei lá, muita responsabilidade. Como será que se comporta alguém que é capa de um livro?
Sei lá, respondi.


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