Direitos Humanos para Todos.
J. Norinaldo.
Eu morava no Rio de Janeiro na época em que houve naquela cidade o trágico
episódio do massacre da Candelária, o mundo inteiro foi contra,como não podia
deixar de ser, o pessoal dos Direitos Humanos teve munição por
muito tempo para condenar e criticar seus praticantes e simpatizantes. Eu fui e
serei sempre um dos críticos,sempre serei contra esse tipo de comportamento.
Agora, vou relatar algo correlato algo presenciado ou vivenciado por mim, não foi
niguem que me contou; servia num quartel de Fuzlieiros Navais bem próximo a
Praça Mauá, e tínhamos um cabo que fazia faculdade a noite na Barra da Tijuca,
morava no quartel e retornava para casa ou para bordo como fala-se na caserna
por volta da meia noite de segunda a sexta feira. Todas as noites era a mesma
rotina, hilário se não fosse triste e perigoso, quando o coletivo se aproximava
da parada onde o cabo deveria desembarcar, justamente próximo a Candelária,
onde ficavam os meninos chacinados tempos depois, os motoristas abriam a porta
traseira antes, e assim que o ônibus diminuía a marcha, o cabo saltava e
aproveitava o impulso para sair numa desesperada corrida, para escapar daqueles
meninos; até que falou com o Almirante que comandava o tal quartel, e este
determinou que no horário de regresso desse pobre cabo, membros da guarda,
armados de fuzil e pistolas fossem escoltá-lo até a sua casa que era o nosso
quartel.
Lembro-me da manhã fatídica, quando cheguei a Praça
Mauá, e vi o grande aglomerado em volta da banca de jornais tão conhecida,
sabia que algo de anormal acontecera, lá o jornaleiro abre o jornal e prende do
lado de fora da banca, como chamariz. Aproximei-me e comprei o jornal, enquanto
tomava um cafezinho servidas pela Marli, que tinhas as mãos todas manchadas,
quem é daquele tempo e freqüentava ou passava pela Praça supracitada tem que
Lembrar da Marli, lia o que o o jornal estampava, e pensei: O que será que
pensa, e lembrei o nome do cabo, claro que jamais seria sincero numa resposta dado
a uma entrevista, mas, digo, lá entre ele e ele mesmo...
Na verdade nunca ouvi antes nenhuma manifestação do
pessoal dos Direitos Humanos sobre os direitos humanos que tinham o cabo em
questão e tantas outras pessoas, assaltadas, cortadas com laminas de barbear,
traumatizadas que no desespero conseguiram escapar ilesos daquela matilha que
ali vivia; insisto, sou totalmente contra a morte, aliás, tenho dito por aqui,
Odeio essa senhora, e o que puder fazer para tumultuar sua vida farei, agora
pergunto, que tal exercitarmos um pouco a tal empatia, e nos colocarmos no
lugar do cabo fuzileiro e de tantos outros que sofriam nas garras daquele time?
Direitos Humanos tem que ser para todos, isto é,
uma via de duas mãos e não o contrário, e acredito, exemplo: aqueles meninos da
Candelária tinham direito a um lar e a uma vida decente, para não atrapalharem
a vida do cabo que queria apenas estudar para deixar de ser cabo. Agora,
aparecer para reclamar depois do leite derramado, principalmente o leito dos
outros... É muito cômodo.
De que lado eu estou? Do lado certo, ou seja, do
lado dos Direitos Humanos. Afinal, também sou humano...
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