Valores e Valores.
J. Norinaldo
Existem alguns ditados populares
que são verdadeiras profecias, por exemplo: ”Para valorizar o que temos
primeiros tens que o perder”. Nossa! Isto cai como uma luva, agora, existem
outros maneiras de valorizarmos aquilo
que temos é claro, uma delas é a vida; se temos uma vida estável, sem muitas
preocupações, e nos fechamos num pequeno ciclo não damos muito valor a isto;
uma das melhores maneiras que temos é viajarmos, conhecermos outras culturas,
outras vidas em fim. Há pouco fiz uma viagem, não muito longa, e numa outra
cidade, procurei ver o máximo que poderia armazenar na memória para analisar
depois com calma friamente. Fui a Rodoviária e sentei-me num banco como se
esperasse o horário para saída do meu ônibus, de repente senta-se ao meu lado,
senta-se não, literalmente se atira, pois se o banco não fosse bastante
resistente não teria suportado a carga; pois bem, um senhor de idade elevada,
se atirou no banco o que me chamou a atenção, olhei para ele, e parecia
conversar sozinho, pois falava olhando para a frente, como se eu ali não
estivesse. Entendi que dizia: Não é longe, mas também não é perto, mas se ficam
parados nos cobram os olhos da cara. Pensei comigo que devia falar de um taxi,
depois sim, virou-se para mim e disse baixinho: os dois joelhos calcificados,
para atravessar um rua é perigoso. O que concordei e foi só. Depois se
aproximou um homem, que dava a impressão de ser um robô que por falta de verba
teria sido feito sem nenhum aperfeiçoamento, ou terminado quando ainda faltava
muito, pois andava, se é que aquilo era andar, se atirando para a frente,
enquanto seu tórax se movia para um lado e os quadris para o outro e a
cabeça fazia um movimento para os dois
lados, dava a impressão que cairia logo, mas não caia.
Depois veio uma senhora, também
com bastante idade, que tinha num dos braços um animal tatuado, é claro que
aquele leão, pois era o que parecia ser, já tivera uma postura bem mais
elegante, mas ali estava, como se também tivesse bastante idade. De repente surge
uma moça linda, saia curtíssima e uma blusa mais curta ainda, não sei se
economia de tecido, ou era justamente para deixar a mostra bastante tecido;
olhei para ela não sei explicar a maneira, mas a maneira como me olhou explico
sem problemas, com verdadeiro nojo, como quem diz: Se manca coroa, vai procurar
tua turma.
Voltei para casa, muito cansado,
almocei tarde e dormi, acordei lá pelas 08h00 e não jantei, fiz um lanche e
dormi novamente. Lá pelas 03h40 acordei com muita fome, tremendo realmente,
sinto-me muito mal nessas situações, enquanto esquentava um leite para tomar
com café, derramei sucrilhos num prato com leite frio e comecei a comer e a
pensar. A fome é algo terrível, mais terrível ainda quando você não tem como saciá-la,
pensei em tantas pessoas que vi na minha curta viagem, todos teriam a mesma
sorte? Ah! Ai me veio a mente a tal moça bonita e pensei: se agora, em vez de
sucrilhos e café com leite, pão, queijo e presunto, alguém me apresentasse
aquela linda mulher com menos tecido ainda sobre o corpo qual seria a minha
reação? Ou então, ela numa situação idêntica, tremendo de fome, nada tendo para
amenizar tal situação, e eu tendo o que tenho agora e perguntar-lhe: “Quer que
procure alguém jovem e bonito para alcançar este alimento para você?” Você tem
alguma Idea da sua reação? Já pensou nessas coisas? Já olhou para alguém com
nojo ou aversão apenas pela sua aparência? Pense, e converse com você mesmo (a)
A mim faz um bem...
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