quarta-feira, 1 de outubro de 2014



De alma Lavada. Rei posto Rei...
J. Norinaldo
Histórias da Caserna.

Houve um almirante que foi comandante Geral do CFN, tive o desprazer de servir com esse Almirante na divisão anfíbia na Ilha do governador. Era mal, porém um grande militar não se pode negar, fazia de tudo para tornar grande o nome da corporação. Era um verdadeiro terror. Um dia regressei de manhã de calção e camiseta, era uma segunda feira para o Batalhão Riachuelo e tive o triste e pavorosa noticia que haveria uma inspeção de uniforme feita pelo dito cujo em frente a lavanderia. Não tive tempo para fugir e naquela época havia no Batalhão um soldado cuja alcunha era suruba, (SD-Almeida) que vendia uns gorros muito bem feitos e duros, eu tinha comprado um daqueles, e fui para a formatura, sabendo que me daria muito mal e foi o que aconteceu. O almirante, que realmente tinha pinta de Almirante, não era como muitos que conheci que pareciam um cabos velhos, Sua alteza parou a minha frente; não sei, mas parece que vi um leve sorriso em seus lábios e disse: Retira o gorro! Eu obedeci e ele gritou para o seu auxiliar de prancheta e caneta a postos: “ anota o Resto!”. Não deu nada, eu era muito conhecido por todos no Batalhão, sabia contar piadas como ninguém. Este almirante chegou a ser o Comandante Geral do CFN, posto Maximo da carreira.
Muito tempo depois, eu era Cabo de comunicações, já no Batalhão Paissandu, e o Alte  na reserva, eu fui escalado para uma cerimônia de entrega de espadas de Guardas- Marinha na Escola Naval, e ai soube de algumas histórias do atual Diretor do órgão durante o café da manhã, alguém contava que o cara era tão boa gente, e tão cabeça fria, que certo dia, a guarnição formada para sair de licença, ele dera um tapa na cara da filha, uma moça linda, que ela quase passou por cima do carro preto. Realmente gente boa. Fiquei no portão com um Capitão Tenente da marinha de gola controlando a entrada de autoridades, só entrava quem tivesse uma credencial onde existia  um emblema Armas Nacionais, lembro-me muito bem de um governador da Paraíba que faleceu faz tempo, parou o carro antes e mandou o motorista falar com o Capitão que havia chegado de repente e não conseguira a tal credencial. Lembro que o capitão disse: A Credencial está na placa do automóvel, pode entrar, lá dentro será orientado onde parar para a autoridade descer. O Presidente esperado era João Batista de Oliveira Figueiredo. O almirante não preciso citar o nome, fuzileiro da época sabem muito bem de quem falo.

De repente que me aparece num Opala azul clarinho, e quem era? Senão o Terror de muita gente, num impecável terno cinza, em matéria de impecabilidade ninguém podia competir com aquele velho,  Antes disso o capitão pediu para que eu passasse uma mensagem para o diretor da Escola, não lembro o teor, mas sei que o homem a considerou uma afronta tão grande que não respondeu, veio em pessoa responder ao vivo e a cores; e vi um capitão sendo tratado como um verdadeiro vira latas, aos gritos, só não falou na sua mãe. Depois disto pensei: Agora sobra para mim, que nada, pelo menos aparentemente o Capitão não deu a mínima. Chegou o todo poderoso e tentou  parar o carro sem credenciais em frente ao portão para que sua família descesse e ele estacionava a quase 10 metros, próximo ao Aeroporto Santos Dumont. O Capitão gritou para mim, já que se encontrava distante: Manda esse carro ir para o estacionamento, aqui não pára ninguém. Não acredito pensei.  Cheguei ao seu lado, vinha uma senhora e mais duas moças, e eu lhe disse: senhor, por favor, siga até o estacionamento, é proibido para aqui. Eu sou o ex comandante Geral do CFN falou, quase que eu disse: eu sei, nisso o Capitão se aproximou e já foi aos gritos, vamos, lá no estacionamento, novamente o autoridade lembrou o que fora, para que, acredito que o cara lembrou do diretor e descontou no ex  poderoso, um minuto para sair daqui, está atrapalhando a entrada de quem deve entrar; na frente da família deve ter sido como a morte. Minha alma tomou um banho tão forte, que esqueci até a sede, o cansaço, que era domingo, tudo, daqui a pouco vi retornando sob uma nuvem de poeira aquele que fazia poeira quando a Ilha tremia a sua chegada. O capitão depois ficou com meu Rádio para que eu fosse beber água no Aeroporto. Nunca esqueci esta. E me lembrei do: anota o Resto!”

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