De alma Lavada. Rei posto Rei...
J. Norinaldo
Histórias da Caserna.
Houve um almirante que foi
comandante Geral do CFN, tive o desprazer de servir com esse Almirante na
divisão anfíbia na Ilha do governador. Era mal, porém um grande militar não se
pode negar, fazia de tudo para tornar grande o nome da corporação. Era um verdadeiro
terror. Um dia regressei de manhã de calção e camiseta, era uma segunda feira
para o Batalhão Riachuelo e tive o triste e pavorosa noticia que haveria uma inspeção
de uniforme feita pelo dito cujo em frente a lavanderia. Não tive tempo para
fugir e naquela época havia no Batalhão um soldado cuja alcunha era suruba,
(SD-Almeida) que vendia uns gorros muito bem feitos e duros, eu tinha comprado
um daqueles, e fui para a formatura, sabendo que me daria muito mal e foi o que
aconteceu. O almirante, que realmente tinha pinta de Almirante, não era como
muitos que conheci que pareciam um cabos velhos, Sua alteza parou a minha
frente; não sei, mas parece que vi um leve sorriso em seus lábios e disse:
Retira o gorro! Eu obedeci e ele gritou para o seu auxiliar de prancheta e
caneta a postos: “ anota o Resto!”. Não deu nada, eu era muito conhecido por
todos no Batalhão, sabia contar piadas como ninguém. Este almirante chegou a
ser o Comandante Geral do CFN, posto Maximo da carreira.
Muito tempo depois, eu era Cabo
de comunicações, já no Batalhão Paissandu, e o Alte na reserva, eu fui escalado para uma cerimônia
de entrega de espadas de Guardas- Marinha na Escola Naval, e ai soube de
algumas histórias do atual Diretor do órgão durante o café da manhã, alguém
contava que o cara era tão boa gente, e tão cabeça fria, que certo dia, a
guarnição formada para sair de licença, ele dera um tapa na cara da filha, uma
moça linda, que ela quase passou por cima do carro preto. Realmente gente boa. Fiquei
no portão com um Capitão Tenente da marinha de gola controlando a entrada de
autoridades, só entrava quem tivesse uma credencial onde existia um emblema Armas Nacionais, lembro-me muito
bem de um governador da Paraíba que faleceu faz tempo, parou o carro antes e
mandou o motorista falar com o Capitão que havia chegado de repente e não
conseguira a tal credencial. Lembro que o capitão disse: A Credencial está na
placa do automóvel, pode entrar, lá dentro será orientado onde parar para a
autoridade descer. O Presidente esperado era João Batista de Oliveira
Figueiredo. O almirante não preciso citar o nome, fuzileiro da época sabem muito
bem de quem falo.
De repente que me aparece num
Opala azul clarinho, e quem era? Senão o Terror de muita gente, num impecável
terno cinza, em matéria de impecabilidade ninguém podia competir com aquele
velho, Antes disso o capitão pediu para
que eu passasse uma mensagem para o diretor da Escola, não lembro o teor, mas
sei que o homem a considerou uma afronta tão grande que não respondeu, veio em
pessoa responder ao vivo e a cores; e vi um capitão sendo tratado como um
verdadeiro vira latas, aos gritos, só não falou na sua mãe. Depois disto
pensei: Agora sobra para mim, que nada, pelo menos aparentemente o Capitão não
deu a mínima. Chegou o todo poderoso e tentou
parar o carro sem credenciais em frente ao portão para que sua família
descesse e ele estacionava a quase 10 metros, próximo ao Aeroporto Santos Dumont.
O Capitão gritou para mim, já que se encontrava distante: Manda esse carro ir
para o estacionamento, aqui não pára ninguém. Não acredito pensei. Cheguei ao seu lado, vinha uma senhora e mais
duas moças, e eu lhe disse: senhor, por favor, siga até o estacionamento, é
proibido para aqui. Eu sou o ex comandante Geral do CFN falou, quase que eu
disse: eu sei, nisso o Capitão se aproximou e já foi aos gritos, vamos, lá no
estacionamento, novamente o autoridade lembrou o que fora, para que, acredito
que o cara lembrou do diretor e descontou no ex poderoso, um minuto para sair daqui, está
atrapalhando a entrada de quem deve entrar; na frente da família deve ter sido
como a morte. Minha alma tomou um banho tão forte, que esqueci até a sede, o
cansaço, que era domingo, tudo, daqui a pouco vi retornando sob uma nuvem de
poeira aquele que fazia poeira quando a Ilha tremia a sua chegada. O capitão
depois ficou com meu Rádio para que eu fosse beber água no Aeroporto. Nunca esqueci
esta. E me lembrei do: anota o Resto!”
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