Carta aberta a Mim Mesmo.
J. Norinaldo.
Caro amigo, creio que temos
intimidade bastante para uma conversa aberta e sincera e franca sem senões nas entrelinhas, meias
palavras ou termos equívocos. Idade suficiente para reconhecermos as besteiras da juventude, mas não suficiente
para justificarmos os da velhice, que espero que esteja longe. Como assim
terceira idade? Sejamos claros, amigo,
afinal como supracitado aqui a conversa é franca, sabemos e conhecemos meninos
velhos com 13 anos e velhos meninos com 90 anos. Afinal percorremos com certeza
a maior parte do caminho a ser percorrido, isto não significa, no entanto que
vamos nos sentar a uma sombra e esquecermos o que ainda temos caminho a
percorrer, afinal podemos ter pela frente realmente tudo, que não vimos ou
vivemos até agora. O que haverá no fim da estrada? O fim e nada mais, e nada
mais significa nada mais ver, nada mais ter, nada mais viver; então,
aproveitemos o tempo e a disposição, e a vontade de ver o que é belo, de fazer
o que é belo, afinal, de sermos belos. Se ficarmos aqui sentados não chegaremos
ao fim, ele virá até nós, e aqui pra nós, não foi isto que projetei para nós.
Durante toda caminhada toda fruta que colhemos, não destruí a semente, a
enterrei mais a frente pensando em quem vem atrás; quantos não chegarão aonde
chegamos, não colherão os frutos que nós plantamos e não ultrapassarão nossas
pegadas? Quantos escolheram algum atalho e no deserto se perderam, pensando
serem sábios se renderam ao egoísmo por
falta de pensar confundiram com altruísmo, pregado por algum falso pastor. Não!
Nós vamos seguir em frente, sem esquecer de enterrar sequer uma semente,
somente porque deste fruto não iremos desfrutar; sabe porque, por todo fruto
que colhemos, toda sombra em que nos amparamos, não fomos nós que plantamos,
mas alguém o fez por nós. Bem! Lá na frente há uma curva, se for a última, nada
podemos mudar, se não for aquela, com certeza,
outra será e só poderá está a frente, as que ficaram é passando, onde
estamos presente e o que vem não se sabe. Fazia já algum tempo que precisávamos
dessa conversa, na pressa da juventude a
gente pensa sempre que aqui nunca vai chegar; só pensa em felicidade, em festa
vitalidade ver o mundo diferente, conversa séria, deixa bem mais lá pra frente
e espera-se que demore muito a chegar; mas chega tão de repente, surpreendendo
até o mais previdente, e nossa hora chegou. Que faremos do caminho sem saber o
que nos resta, e o que fizemos de tanto caminho que já não temos? Como seremos
lembrados, por alguma coisa boa? Agora tendo
o calcanhar como popa e dos dedos dos pés como proa, e a experiência no
leme; sem nenhuma chance de retorno e sabendo que do pico para baixo o tempo
voa. Bem, até agora só eu falei, obrigado por não me interromper, agora é com
você, pois agora o mesmo eu faço, sem diminuir o compasso diz o que vamos
fazer...