segunda-feira, 19 de outubro de 2015




Desamor ou Desapego e muito amor?
J. Norinaldo.


Lendo a primeira crônica de alguém a quem convidei a participar do Blog, além de verificar  o quanto não valorizamos uma criança intelectualmente apenas por ser criança, pude também recordar algo que talvez já esteja escrito por aqui e não me lembre. Posso não me lembrar se postei ou não, mas do fato jamais esquecerei; só discordo da Anamélcia autora da crônica supracitada no nome “ A Arte de Desamar” eu colocaria de Desapego.
Morava eu Duque de Caxias numa casinha pequena e isolada, apesar do Bairro nobre 25 de Agosto a rua monte Caseiros,  esta ficava nos fundos de um terreno enorme e tendo uma ladeira íngreme, uma escadinha junto ao muito da direita levava as duas casinhas construídas no final do terreno, não havia telhado e a laje era tão baixinha, pois em frente a cada casinha havia outra escada menor, portanto podíamos nos sentar sobre a laje sem muito esforço.
Um belo dia, minha mulher chegou a casa com um belíssimo pombo, marrom escuro e partes brancas, muito lindo mesmo, perguntei onde o conseguira e ela me explicou que o havia encontrado se arrastando pelo lixo com uma asa quebrada. Pegamos aquela pobre ave, ficamos horas a fio a fazer uma tala, enquanto minha mulher preparava os materiais necessários, fui a farmácia compra, mercúrio, iodo tinha em casa, gaze e esparadrapo. Por falta de prática fizemos um trabalho horrível, mas que não fez com que nosso paciente servisse de chacota, já que não havia nenhum outro pombo por perto e após a cirurgia foi direto para uma caixa de papelão forrada com alguns trapos para o também pequeno  banheiro da casa.

Ficamos felizes ao ver que se alimentava normalmente, e com o passar dos dias, e com o sofrimento dos novos curativos, dentro de dois meses nosso paciente estava novo de novo, com algumas escoriações é claro já não ostentava a beleza total do seu penacho, coisa que sabíamos que seria questão de pouco tempo para voltar ao normal. Num sábado pela manhã, pegamos a caixa e com seu morador e levamos até a praça de Duque de Caxias, onde havia uma grande quantidade de pombos, não se se hoje ainda existem, e abrimos a caixa e para nossa total felicidade, após alguma vacilação nosso cliente alçou voo e juntou-se aos seus pares, para os nossos olhos numa enorme felicidade de voltar ao convívio dos amigos e até do seu amor. Lembro-me que retornamos com os olhos úmidos. Quando subíamos a passarela que cruza a linha do trem, olhamos para uma lanchonete que tinha na frente uma máquina de fazer caldo de cana, muito minha conhecida, pois os pastéis dali eram famosos, em cima havia uma caixa d’água de cimento e vimos nosso amigo como se caísse dentro da mesma; tomamos um grande susto, ainda pensei sair por cima do muro da ferrovia o que me levaria até a tal caixa d’água e poderia salvar novamente nosso amigo, mas não houve necessidade, que alívio, de repente ele surgiu novamente e desapareceu voando com muita elegância. Orgulhosos pelo nosso ato, saímos falando a respeito e subimos o morro do Bairro 25 de Agosto até nossa casinha, foi ai que tivemos a maior surpresa daquela aventura, nosso paciente estava em cima do murinho que ficava abaixo da minha altura, e parecia dançar quando nos enxergou; Tentamos pega-lo, mas não conseguimos, mas contamos com suas periódicas visitas por muito tempo, depois inclusive acompanhado, A Cila minha mulher juntava  restos de pães e colocava numa velha bandeja, e não era anormal acordar com seu  Arrulhar. Dei-lhe o nome de Ralph em homenagem ao Paciente Inglês; que tempos depois também foi o nome de um cão que eu amei muito.

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