FaceBook ou FalsoBook?
J. Norinaldo.
Sabe esses textos que aparecem aqui no Facebook, aparece uma
parte e em seguida, leia mais ou continue lendo? Pois é, o que tenho me
deliciado e ao mesmo tempo me decepcionado com certas pessoas não está no
Gibi*. Outro dia, comecei a ler um texto de uma pessoa conhecida e a fazer
trejeitos com a boca e gestos de afirmação, apesar de não ter cabedal para ser
crítico de nada, principalmente de letras, mas aprovando literalmente tudo,
nossa! Quanto conteúdo, e tudo preciso e conciso; não que não esperasse algo
assim daquela pessoa, a verdade é que conversando com ela, coisa que faço com
muita freqüência, não se nota tal ecletismo, mas que pode ser algo atávico por
mim e por outros desconhecido. E ai, vem a tal decepção, quando no final de
qualquer belo texto, você põe a mão no queixo, escolhe uma direção em direção a
linha do horizonte e por alguns segundos que parecem uma eternidade, reflete
sobre tudo que leu e o que conseguiu entende. Muito bem, ali, no rodapé, está
um nome as vezes também conhecido de
algum livro, ou algum jornal ou mesmo do cinema. O balançar de cabeça negando,
não quer dizer que a pessoa que escolheu tal artigo, crônica, conto ou seja lá
que for, está errada, mas sim, por mais uma vez ter acreditado que as pessoas
falando são uma coisa, escrevendo outras e muitas vezes totalmente diferentes.
Outro dia, aqui mesmo, comecei
mais uma vez a ler algo de um conhecido, e ali pelo meio do texto pensei em me
atirar numa vala suja e de lá só sair meia noite e quinze minutos, porque dias
antes discutira com essa pessoa sobre o uso de uma palavra que ele dissera e
não sei por que cargas d’ água, eu sabia que não estava correto. Que alívio
quando cheguei arfante e pálido de vergonha ao final da tarefa, lá estava o
nome completo de uma jornalista gaúcha. Credo! Ufa! Dessa escapei.
·
Gibi. Revista em quadrinhos do meu tempo de
menino, importantíssimas, pois começávamos lendo os Gibis, íamos para a porta
do Cinema na Matinê* trocar Gibis, tínhamos leitura para toda semana, a noite,
depois dos deveres de casa prontos, quando crescíamos, trocávamos os Gibis
pelos livros e aprendíamos a escrever, ou pelo menos gostávamos de escrever e
principalmente de ler; o Gibi era uma espécie de vírus da leitura inoculado no
sangue de quem amava principalmente um Almanaque*.
·
Matinê. Seção de Cinema à tarde, já que crianças
e adolescentes não podiam freqüentar o Cinema à noite, principalmente aos
sábados. Que saudade, exceto das espinhas na cara.
·
Almanaque. Publicação que, além de um calendário
completo, contém matéria científica, literária, informativa e, às vezes,
recreativa e humorística, copiei do Aurélio, pois na verdade almanaque para mim
era uma revista bem mais grossa, com uma história bem mais longa; Outro dia,
conheci alguém que coleciona Gibis, com um Almanaque do Fantasma, o Espírito
que anda... Quase chorei de saudade, não especificamente do Fantasma, mas da
minha juventude, menos as espinhas.