domingo, 9 de fevereiro de 2014



Quando Meu filho Chegar.
J. Norinaldo.



Conheço um casal que tem um casal de filhos, como nunca entendi a diferença entre os filhos, resolvi por curiosidade me aproximar dos dois, fazer-me de amigo e tentar descobrir tão grande diferença entre dois irmãos com tão pouca diferença de idade. O rapaz é uma das melhores pessoas que conheço nesta vida, educado, trabalhador, respeitador totalmente quadrado para o mundo atual, não fuma, não bebe e quando não está trabalhando, está sempre estudando ou ajudando o pai que é pescador e lenhador. A moça, bonita, não estuda, usa drogas, se prostitui, portanto é motivo dos maiores desgosto dos pais. Um dia em uma conversa com o jovem perguntei-lhe por que nunca bebera, fumara ou usara drogas, e a resposta realmente me emocionou e veio confirmar algo que já há muito penso: Não! Eu nunca fiz essas coisas e nem as farei, por que sei que faria meu pai e a minha mãe sofrerem muito, lembro do sofrimento que tiveram para me sustentar e fazer com que eu pudesse estudar coisa que nenhum dos dois pode fazer; Lembro-me dos dias gelados quando meu velho saia para recorrer os espinhéis e voltava muitas vezes sem nada, tremendo de frio, quantas vezes eu o vi chorando escondido. Não meu amigo, pode ser até que seja considerado por muitos uma anta, mas é assim que sou e assim que procurarei ser. Um belo dia, tive oportunidade de conversar num lugar tranqüilo com a moça, e meu Deus, que divergência horrível. Perguntei-lhe por que agia daquela maneira e ela me respondeu: Você por acaso sabe o que é ir para a escola levando como merenda alguns lambaris fritos? Ter que se esconder para comer sua merenda? Você por acaso sabe querer ir numa festinha de crianças e não poder ir por que não tem uma roupa decente? Ou ter alguma coisa que valha, mas a dona que a usou até não servir mais estar lá na tal festinha? Não você não sabe de nada disto, você nunca passou meses sem comer um pedaço de carne, comendo apenas o peixe que ninguém quer comprar. Vamos, me diga, você sabe o que é isto? Fiquei quieto, vi que não teria argumentos suficientes para mudar o imutável, que adiantaria dizer que sabia muito bem, que já fora para a escola com fome e nem sequer alguns lambaris fritos tinha para comer, e caso os tivesse ao invés de me esconder de vergonha para comê-los, poderia talvez por egoísmo me esconder para não ter que dividi-los com muitos colegas na minha situação ou pior, quando nunca ganhara um presente de Papai Noel, mas me conformara, por que nunca tivera um sapato para deixar na janela na noite de Natal; e nem por isto fizera nada para destruir a minha vida ou a de quem quer que seja.

Seria muito bom jovens casais que sonham com muitos filhos tomarem conhecimento de fatos assim, principalmente se não tem posses ou grandes perspectivas, muitas  vezes tenta-se desenhar um beija flor, e termina-se criando um enorme morcego.

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