Quando Meu filho Chegar.
J. Norinaldo.
Conheço um casal que tem um casal
de filhos, como nunca entendi a diferença entre os filhos, resolvi por curiosidade
me aproximar dos dois, fazer-me de amigo e tentar descobrir tão grande
diferença entre dois irmãos com tão pouca diferença de idade. O rapaz é uma das
melhores pessoas que conheço nesta vida, educado, trabalhador, respeitador
totalmente quadrado para o mundo atual, não fuma, não bebe e quando não está
trabalhando, está sempre estudando ou ajudando o pai que é pescador e lenhador.
A moça, bonita, não estuda, usa drogas, se prostitui, portanto é motivo dos
maiores desgosto dos pais. Um dia em uma conversa com o jovem perguntei-lhe por
que nunca bebera, fumara ou usara drogas, e a resposta realmente me emocionou e
veio confirmar algo que já há muito penso: Não! Eu nunca fiz essas coisas e nem
as farei, por que sei que faria meu pai e a minha mãe sofrerem muito, lembro do
sofrimento que tiveram para me sustentar e fazer com que eu pudesse estudar
coisa que nenhum dos dois pode fazer; Lembro-me dos dias gelados quando meu
velho saia para recorrer os espinhéis e voltava muitas vezes sem nada, tremendo
de frio, quantas vezes eu o vi chorando escondido. Não meu amigo, pode ser até que seja considerado por muitos uma
anta, mas é assim que sou e assim que procurarei ser. Um belo dia, tive oportunidade
de conversar num lugar tranqüilo com a moça, e meu Deus, que divergência horrível.
Perguntei-lhe por que agia daquela maneira e ela me respondeu: Você por acaso
sabe o que é ir para a escola levando como merenda alguns lambaris fritos? Ter
que se esconder para comer sua merenda? Você por acaso sabe querer ir numa
festinha de crianças e não poder ir por que não tem uma roupa decente? Ou ter
alguma coisa que valha, mas a dona que a usou até não servir mais estar lá na
tal festinha? Não você não sabe de nada disto, você nunca passou meses sem
comer um pedaço de carne, comendo apenas o peixe que ninguém quer comprar.
Vamos, me diga, você sabe o que é isto? Fiquei quieto, vi que não teria
argumentos suficientes para mudar o imutável, que adiantaria dizer que sabia
muito bem, que já fora para a escola com fome e nem sequer alguns lambaris
fritos tinha para comer, e caso os tivesse ao invés de me esconder de vergonha para
comê-los, poderia talvez por egoísmo me esconder para não ter que dividi-los
com muitos colegas na minha situação ou pior, quando nunca ganhara um presente
de Papai Noel, mas me conformara, por que nunca tivera um sapato para deixar na
janela na noite de Natal; e nem por isto fizera nada para destruir a minha vida
ou a de quem quer que seja.
Seria muito bom jovens casais que
sonham com muitos filhos tomarem conhecimento de fatos assim, principalmente se
não tem posses ou grandes perspectivas, muitas
vezes tenta-se desenhar um beija flor, e termina-se criando um enorme
morcego.
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