sábado, 1 de fevereiro de 2014



Um Rolezinho aqui, Uma Carreirinha ali e Assim vai.
J. Norinaldo.


Eu sou pobre, feio e moro longe, tem coisa pior? Não sei, mas detesto discriminação e preconceito, por isto mesmo passo longe onde possam estar essas figuras. Agora vejo nos noticiários esta história de rolezinho, o pessoal do morro e da periferia marcando encontros nos grandes Shoppings freqüentados pelas classes altas. Eu não vou, já disse que fujo da discriminação como o diabo foge da cruz, por que eu nunca consegui realmente entender, se usaram a cruz como equipamento de tortura, portanto o diabo deveria gostar dela; bem mas o assunto não é esse, é o que mesmo? Ah! Sim, o rolezinho. Pois é, quem sabe seguindo aquela premissa de que a melhor maneira de se livrar do medo é enfrentando-o, será premissa isto? Bem seja lá o que for, você vai entender, a rapaziada quer ir lá e dar a acara a tapa; sei lá, se isto é uma boa. Se pelo menos aprendessem algo de bom com os ricos, até que valeria a pena, mas pelo que temos visto, aprendem apenas o gosto por roupas e calçados de marca, como se mudando a pele mudasse também a vida. Uma vez, me confundiram com um rico, não sei por que, pois não tenho nenhum cacoete disto e sinceramente não sei como me senti; agora posso dizer pra vocês que um rico pode até se passar por pobre, já vimos isto em histórias contadas pelo cinema, o contrário é quase impossível. O pobre vai ao Paraguai e compra um Som, e ai amigos adeus sossego dos vizinhos, eu que o diga: Bum, Bum Bum e a vibração nas janelas parece até que o mundo vai acabar. Ah! E um Pendrive  com 654.000 musicas, todas elas quase iguais, e justamente as que os vizinhos não curtem, se curtiam antes passam a odiar pelo volume e pela repetição, mas o que vale é mostrar o som, vamos escrever maiúsculo SOM. Não contente apenas com o barulho, coloquemos o SOM na rua, todos precisam vê-lo, admira-lo, invejá-lo... Na verdade odiá-lo.

Uma vez fui ao Rio de Janeiro e fui convidado por um amigo que morava numa favela barra pesada para passar  uns dias com ele, morrendo de medo, mas com sua garantia que o diabo não era tão feio como se dizia fui, a noite da janela da sua casa que ficava bem no alto, vi vários carrões entrando e saindo da favela, seus donos nem desciam, surgia alguém de algum beco, falavam algo rapidamente e em seguida saiam por onde vieram, comente com meu amigo e fiquei sabendo. Eram os ricos fazendo um Rolezinho no morro, comprando algo que os deixava tão pobres, mas leva os pobres do morro também a usarem tentando sonhar em serem ricos, morarem em mansões  na  zona Sul, para depois virem de carrões aos morros buscar sonhos, como se os sonhos do alto, representassem um pequeno monte de terra que os cobrirá por fim, quando praticamente forem caminhando a passos trôpegos para o sono derradeiro. O último role da vida depois da última carreirinha.

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