sábado, 6 de dezembro de 2014



Crônica da Natal.
J. Norinaldo



Interessante como as lembranças as vezes não somente nos chegam como saudade , mas também como lições.  Hoje eu não ganho nada de presente de Natal,  ou seja ganho um dos presentes mais importantes da vida que é o carinho dos amigos, falo em presentes materiais. Hoje vendo minha mulher colocar alguns enfeites de Natal  baixei algumas músicas natalinas e me lembrei do meu primeiro presente de Natal. Quem viveu em Cachoeirinha PE na década de 60  e tiver boa memória, se lembrará de um barbeiro que também  foi um dos primeiros pastores protestantes bem aceito na Vila de Cachoeirinha por volta de 54, pois foi na casa dele que vi a Revista cruzeiro com Getúlio Vargas morto com seu Pijama que hoje vejo quando quero, é só passar no seu memorial e todas as vezes que o vejo dentro de um vidro, lembro-me das filhas desse pastor e barbeiro supracitado; eram moças bonitas , mas não lembro mais suas feições e nem nomes, o dele era Seu Miro. Pois bem, as moças fizeram uma árvore de Natal coisa que na minha casa não tinha, e depois do Natal ao desmontá-la me deram de presente um pedaço do céu bem estrelado. Era um pedalo de cartão ou papelão, envolvido num papel laminado azul como várias estrelas brancas, recortadas com tesouras por elas mesmas. Guardei meu pedaço de céu no meu quartinho, as vezes eu tinha uma cadelinha chamada Lacinho que eu amava, dormia comigo, queria brincar com meu presente nunca deixei. Não sei por quanto tempo guardei tal presente, minha cadelinha morreu, meu pedaço de céu se perdeu, nunca mais vi essa família, mas mesmo não sabendo seus nomes, lembrando seus rostos, nunca os esqueci. Faz algum tempo sonhei que corria muito atrás de uma moça pensando ser uma delas, quando se virou a decepção era muito bonita, mas eu não sabia se era, pois como disse não lembro suas feições. Mas lembro como se estivesse agora a minha frente o retângulo de papelão azul com suas estrelas brancas. Morava no alto da Cruz vizinho de Pedro Jovem que fabricava selas, a outra casa era do Seu Miro, único nome que lembro. Natal para mim é uma festa muito triste, triste mesmo, mas sempre olho para o céu e escolho meu pedaço, sempre onde as estrelas brilham mais. Junto com o carinho dos amigos, reais ou virtuais é sempre o meu melhor presente. Quando morava no Rio de Janeiro tínhamos um grupo de Família que passávamos sempre juntos, na verdade seis famílias, o último faltavam dois na nossa mesa, que jamais voltaríamos a ver; desde então fico em casa remoenda minhas lembranças e pensando na Minha querida Vila de Cachoeirinha, que sobre ela deve está o meu pedaço de céu tão estrelado.

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