domingo, 21 de dezembro de 2014



Não me Digam o que Pensar, mas me avisem do Abismo.
J. Norinaldo



Quando fui fazer o curso de especialização de Comunicações Navais, no Centro de instrução do Corpo de Fuzileiros Navais, em certo período do curso aprendemos  a  escutar o código Morse entre bombardeios aéreos, canhões e metralhadoras; tínhamos que filtrar do meio daquela bagunça horrível apenas o que nos interessava, o código Morse. Não somente isto aprendi naquela época, utilizo este aprendizado até hoje para várias coisas na vida; ouvir tudo que está sendo dito, mesmo que o que me interesse seja dito de maneira sussurrada, extrair apenas o que para mim interessa. Veja esses militares coreanos desfilando, que beleza, que harmonia, que disciplina, se alguém me pagasse um milhão de dólares para que eu adivinhasse o que todos pensam, eu seria agora um homem senão rico, pelo menos bem melhor do que estou ou mereço. Ouvi de um médico amigo, que certas pessoas que comem em exagero, não é doença, mas apenas comem rápido demais, não dando tempo aos neurônios se comunicarem informando ao cérebro que o organismo está satisfeito, assim com um pneu calibrado, o que foi ingerido já suficiente para suprir suas necessidades por hora. Portanto, o cérebro também depende de certa disciplina. Bem se me perguntassem o que pensam aqueles milhares de militares que desfilam em tão grande uniformidade; a resposta seria simples: Fazer cada movimento com a máxima perfeição para não desagradar o ditador; o que poderá lhe custar muito cara. Isto durante hora, dias, semanas, anos e anos, pensando quase sempre a mesma coisa só pode resultar numa coisa, a uniformidade dos neurônios, ou seja: Milhares de pessoas que pensam exatamente iguais. Graças a Deus e a mim mesmo, consegui passar 31 anos na caserna, talvez graças a alguns dias de aulas com fones nos ouvidos ouvindo canhões, e metralhadoras e aviões e lá no fundo o código Morse; não vou dizer que só eu não esqueci a aquela lição mesmo depois de terminar o curso e ter trafegado durante anos com tal código; a única coisa que sei, e não fui eu quem inventou é que a filosofia existe para me ensinar a pensar, não o que pensar; por isto hoje, não sou muito simpático mesmo entre muitos com os quais marchei junto, embarquei  e desembarquei  junto; alias, penso diferente e incomodo é claro. Enquanto eu atirava com balas de verdade em bonecos de brinquedo, outros jovens como eu se tornaram superiores, ao invés de um gatilho, usam no dedo hoje anéis de doutores. Não me queixo, aprendi muito e sinto orgulho do que fui e sou, amo meu pais e a Força que servi e por isto mesmo quero, esclarecer que com certeza esse amor, não é imposto...Sem alarde mas é sincero.

Nenhum comentário:

Postar um comentário