Não me Digam o que Pensar, mas me
avisem do Abismo.
J. Norinaldo
Quando fui fazer o curso de
especialização de Comunicações Navais, no Centro de instrução do Corpo de Fuzileiros
Navais, em certo período do curso aprendemos a escutar o código Morse entre bombardeios aéreos,
canhões e metralhadoras; tínhamos que filtrar do meio daquela bagunça horrível
apenas o que nos interessava, o código Morse. Não somente isto aprendi naquela
época, utilizo este aprendizado até hoje para várias coisas na vida; ouvir tudo
que está sendo dito, mesmo que o que me interesse seja dito de maneira
sussurrada, extrair apenas o que para mim interessa. Veja esses militares
coreanos desfilando, que beleza, que harmonia, que disciplina, se alguém me
pagasse um milhão de dólares para que eu adivinhasse o que todos pensam, eu
seria agora um homem senão rico, pelo menos bem melhor do que estou ou mereço.
Ouvi de um médico amigo, que certas pessoas que comem em exagero, não é doença,
mas apenas comem rápido demais, não dando tempo aos neurônios se comunicarem
informando ao cérebro que o organismo está satisfeito, assim com um pneu
calibrado, o que foi ingerido já suficiente para suprir suas necessidades por
hora. Portanto, o cérebro também depende de certa disciplina. Bem se me perguntassem
o que pensam aqueles milhares de militares que desfilam em tão grande
uniformidade; a resposta seria simples: Fazer cada movimento com a máxima
perfeição para não desagradar o ditador; o que poderá lhe custar muito cara.
Isto durante hora, dias, semanas, anos e anos, pensando quase sempre a mesma
coisa só pode resultar numa coisa, a uniformidade dos neurônios, ou seja:
Milhares de pessoas que pensam exatamente iguais. Graças a Deus e a mim mesmo,
consegui passar 31 anos na caserna, talvez graças a alguns dias de aulas com
fones nos ouvidos ouvindo canhões, e metralhadoras e aviões e lá no fundo o
código Morse; não vou dizer que só eu não esqueci a aquela lição mesmo depois
de terminar o curso e ter trafegado durante anos com tal código; a única coisa
que sei, e não fui eu quem inventou é que a filosofia existe para me ensinar a
pensar, não o que pensar; por isto hoje, não sou muito simpático mesmo entre
muitos com os quais marchei junto, embarquei
e desembarquei junto; alias,
penso diferente e incomodo é claro. Enquanto eu atirava com balas de verdade em
bonecos de brinquedo, outros jovens como eu se tornaram superiores, ao invés de
um gatilho, usam no dedo hoje anéis de doutores. Não me queixo, aprendi muito e
sinto orgulho do que fui e sou, amo meu pais e a Força que servi e por isto
mesmo quero, esclarecer que com certeza esse amor, não é imposto...Sem alarde
mas é sincero.
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