Meu Presente de Natal era o Orvalho..
J. Norinaldo.
Olha o aviãozinho! Não, não era
um aviãozinho, era uma colher de feijão, mas uma vez fui enganado. A maldade da
mentira disfarçada de carinho, na verdade pura coerção, A maldade da mentira
passada de geração a geração há séculos, nada mais que uma pequena corrupção de
quem nunca pensou que um carvalho que
hoje tem 30 metros de altura já foi apenas uma simples semente menor que um
botão de camisa. Mas é só uma brincadeirinha, uma inocente mentirinha que
afinal em vez mal faz o bem, pois faz a criança comer aquilo que normalmente
não comeria por causa do aviãozinho inexistente. Não é verdade, todos nós fomos
crianças e jamais esqueceremos quando
fomos enganados por mentiras, mesmo quando não fazíamos a menor ideia de que um
trilhão de mentiras por maiores que sejam não valem uma simples letra “É” se
for uma verdade. Lembro-me bem da data que se aproxima lá na Vila de Cachoeirinha PE onde morava,
adultos dizendo que na noite de Natal quem colocasse o sapatinho na janela, no
outro dia Papai Noel deixava um presente qualquer, quantas vezes deixei o sapato,
único para desfilar nos 7 de Setembro no sereno, nunca amanheceu diferente, a
não ser quem presente nunca deixou de ser o orvalho; E não sei se sentia tristeza
ou vergonha por ter acreditado numa mentira, ou mesmo que por algum pecado eu
saíra da lista do Papai Noel, da lista de outra mentira. talvez por conta
disso, eu nunca fui muito empolgado por festas de Natal. Enganar, mentir, pode
ter outros adjetivos como roubar ou corromper, existe um aforismo que diz “Quem
rouba um tostão é porque não encontrou um milhão” e acredito piamente nisto, já
que não existe uma mulher meio grávida não existe ninguém meio honesto. Parar
para pensar no Carvalho de 30 metros ou na colher de feijão anunciada como um
aviãozinho talvez não valha a pena diante de tanta corrupção que existe por ai,
tanta mentira maiores, porém aquele carvalho só chegou àquela altura porque foi
cuidado, preservado; assim são as mentiras quanto mais preservadas maiores
ficam e muito mais mal podem causar. Minta para seu filho mesmo que seja uma
mentira inocente e ele acabará acreditando que a mentira é normal, ora se a
minha mãe me enganava com a colher de feijão, porque eu não posso enganar meu
semelhante, o que pode haver de importante em se tirar de alguém algo que nem
vai se dar conta de tanto que tem? Quem foi enganado pode até não se dar conta
por muito ter, mesmo que nuca seja descoberto aquele furto, pode virar rotina e
um dia a casa cai e a lembrança do aviãozinho e da semente do carvalho, aquele
que o Disse o poeta Lupicínio Rodrigues: “Dentre
tanto desgraçado que em sua vida passou. Homem que é homem faz qual o cedro que
perfuma o machado
que o derrubou” fonte Google. Mentir é do ser humano, caso não existisse a
mentira o que seria a verdade? O que não se pode é acreditar que a mentira que
faz mal é a dos outros, e quem uma mentirinha como a colher de feijão não
pode fazer mal nenhum. E nem deixa de
ser corrupção.
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