quarta-feira, 31 de dezembro de 2014



Retrospectiva.
J. Norinaldo.



Hoje eu pensando numa retrospectiva descobri que sou um verdadeiro troglodita,  que sente muita saudade da caverna, das reuniões em volta de mal feita fogueira, das conversas muitas vezes sem sentido, do aperto de mão e do abraço sincero. Hoje descobri que tenho mais de cinco mil amigos e nunca me senti tão só. De repente minha mulher atende ao telefone e é para mim, ou quando diz: um momento, por favor, e vem até a minha sala com um pequeno e belo objeto, outro dia vi um cientista dizer no Programa do Jô Soares que nele existe 10 vezes mais tecnologia que o homem usou para chegar à lua; acredito. E eu sentindo saudades de quando cheguei ao Rio de Janeiro, entrava em um Bar onde havia um telefone público, que se mal alimentado não conseguiria sustenta-lo por muito tempo; discava um número e uma telefonista atendia, eu dava o número de quem deseja falar e ela é que fazia a ligação. Sinto saudades da minha Vila onde existiam apenas um automóvel e 3 Jipes dois ou 3 caminhões velhos e o prédio mais alto era a torre da igreja, quase 50 anos depois ainda o é. Sinto saudades de quando a crianças brincavam, não sei as crianças ricas, mas no meu caso de pinhão, cavalo de pau e subir nas árvores; outro dia um menino me perguntou apavorado: “Vocês subiam nas árvores?”. Sinto saudades de quando o único controle que havia era o dos pais sobre os filhos, quando se respeitavam os mais velhos. Mas ai chegou o progresso, e progrediu ligeiro demais atropelando o passando, hoje o que os olhos veem a boca não tem tempo ou conhecimento de palavras para descrever; tudo mudou para melhor, eu desejei hoje Um Feliz ano Novo a milhares de pessoas sem sequer sair de casa, sentado diante de uma tela falando com os dedos. È claro que a fogueira mal feita e a conversa muitas vezes sem sentido, apenas para manter um grupo unido não podia ser eterna; mas não podiam também me obrigar a sair da minha caverna. O tempo parece que perdeu a noção de tempo, pois parece que foi ontem que estava em minha sala assistindo a queima de fogos de artifício em várias partes do mundo, isto da minha sala, hoje já vai acontecer novamente; e amanhã o que muda? Nada, tudo igual novamente, até que assim de repente, alguém te abraça e diz: Feliz ano Novo, que o próximo ano seja bem melhor pra gente. Como será daqui a 100 ou 150 anos? Alguém dizendo: Você acredita que houve um tempo que se digitava as mensagens? Já viu no museu o que eles usavam para isto? Parece quase impossível, mas assim que era antigamente; a essas alturas o nosso antigamente de hoje já morreu. Só hoje já brindei com as mais finas taças, os mais refinados champanhes, abracei fui abraçado, sem ter ninguém do meu lado, até parece brincadeira, ou um louco Mestre sala sem sua Porta Bandeira. Bem, vou parando por aqui, pois as pernas estão inchando, isto não muda disto o tempo não esquece. Vou aguardar algum vizinho de caverna que tenha dado sorte e caçado um Javali e venha me convidar, pelos menos vou pensar que a fogueira é aquela, aquela mal feita e da conversa sem sentido, pra manter o grupo unido e hoje para que união, converso com o Japão daqui mesmo desta sala, onde ninguém ouve fala, só um leve tec, tec como se alguém mastigasse um doce pé de moleque.Sinto saudades do meu Sertão meu Agreste, Da poesia rupestre desenhada com urucum nas paredes da caverna, como disse lá em cima, sabia que nada nem vida é eterna.

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