sábado, 1 de novembro de 2014



A Mente Vazia e a Lembrança da Cerca.
J. norinaldo.


Eu ouvi um causo aqui no Rio Grande do sul, aonde cheguei lá pelos idos de 1969 e fui direto para a campanha, ou seja, Vila Garruchos, hoje cidade de Garruchos, como não havia luz elétrica no lugar os habitantes se recolhiam cedo, e alguns se juntavam no Clube Getúlio Vargas para beber e conversar, coisa tão em desuso hoje. Muito bem, alguém contou que havia uma bialanta para fora, (Salão de Baile fora da Vila) e que  era muito antiga. Na verdade são dois causos em um só. Mas acredito dar conta deles. Um dia, o presidente da tal bailanta veio a Garruchos solicitar do presidente do clube o empréstimo de  20 mesas e 40 cadeiras para um baile que ia haver; dias depois chegou a vila apavorado, um gaucho que procurou o presidente do clube denunciando que estivera presente quando da ocasião do pedido das mesas e cadeiras por empréstimo, e que no momento estavam vendendo as mesmas lá no rincão onde haveria o Baile, inclusive tendo-lhe sido oferecido uma mesa com quatro cadeiras por um preço irrisório. Este foi um. O outro que esta bailanta era muito antiga e  que ao seu redor havia uma cerca de bambus de um metro e meio de altura mais ou menos; um dia antes de um grande baile o responsável achando que aquela cerca era velha e tirava a beleza da casa, mandou retira-la por completo. No meio do baile houve um desentendimento e alguém puxou de um revolver e apareceram mais de trinta e como diz o gaucho houve um turubamba de bala, que um amigo meu o grande amigo  Poeta Cindinho (Gumercindo Medeiros Filho) disse numa de suas poesias que foi grande a gritedo das senhoras o agarra e  puxa, puxa que aproveitou para ver as horas no clarão de uma garrucha. Mas que no final, morreu mais gente de pescoço quebrado  tentando pular a cerca que do próprio tiroteio. Neste  momento a cabeça já não estava mais vazia, de cerveja e pinga é claro.

Isto me leva a pensar, você passa 30 anos num lugar ouvindo todo dia quase a mesma coisa, fazendo todo dia quase a mesma coisa, é difícil depois que sai se livrar do hábito, assim como da cerca que não existia, mas costume do cachimbo deixa a boca torta, todos ou quase todos se quebram ou morreram tentando pular o vazio. Principalmente que chegou com a cabeça vazia, jamais se livrará da cerca ou do que quem podia falar dizia.

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