segunda-feira, 27 de junho de 2011


Corta o Coração, mas não foge da Razão.

J. Norinaldo.


Contaram-me certa vez uma história, não se verdadeira que uma velhinha passava várias vezes pela fronteira do Brasil com a Argentina através da Ponte Internacional, tendo como transporte uma lambreta, e que sempre levava um saco cheio de areia, na época os agentes encarregados da revista eram os Fuzileiros Navais. Que a primeira vez, revistaram minuciosamente o tal saco, encontrando apenas areia; o que não passou despercebido, aquilo foi relatado em relatório, e como foi detectado a passagem assídua da velhinha, ficou a impressão que os mesmos se cansariam de verificar que ela levava apenas areia e um belo dia passaria algo ilícito. Nunca deixaram de revistar sua estranha bagagem. Passado muito tempo, vieram a descobrir que a tal inocente velhinha, já passara mais de 50 lambretas de contrabando para o país vizinho. Faz tempo isto, ora nem se fala mais em lambreta.

Lembrei-me dessa história ao ler que: Uma idosa de 95 anos foi revistada minuciosamente por funcionários da agência americana de Segurança nos Transportes (TSA, na sigla em inglês) e foi obrigada a retirar a fralda geriátrica que vestia, em um aeroporto da Flórida, nos Estados Unidos”. E que a TSA em nota justificou a atitude de sua funcionária como sendo justa e profissional. A velhinha está muito doente, inclusive estando com fralda suja no momento da triste revista. O mais triste ainda, é que não senti nenhum repúdio contra essa funcionária, a que ponto chegou a humanidade, ter que tomar uma atitude que com certeza não lhe trouxe nenhum prazer, para tentar evitar uma possível passagem de drogas impunemente. Errou, não encontrou nada, mas poderia muito bem ter encontrado, e não seria a primeira vez. Lembro-me de uma reportagem em que tentaram passar pelo aeroporto, ou outro meio de transporte, drogas no corpo de uma criança morta.

Quando fui servir como fuzileiro Naval em Mato Grosso do Sul, no Pantanal, a primeira vez que viajei para aquele estado, que faz fronteira seca com a Bolívia, lembro-me que a polícia entrou no ônibus eu que viajava para efetuar uma revista, eu levava um revólver 38 numa sacola, no bagageiro de mão; ao ser encontrado, o policial perguntou-me se me pertencia, respondi afirmativamente, pediu-me a identidade e liberou a minha arma. Tempos depois, e depois de terem sido presos vários militares transportando drogas, éramos revistados como outro qualquer, o que sempre achei direito.

Tenho tanto pavor a drogas, que certa vez num aeroporto estrangeiro, fiquei por algumas horas esperando meu vôo, quando estava na fila de embarque, fui chamado a uma cabine e me fizeram uma revista rigorosa, depois fui levado a uma sala, e um agente perguntou-me por que cuidava com certo exagero de uma pequena sacola que levava, que além de uma muda de roupa continha alguns livros, o sistema de segurança havia notado um exagerado cuidado com tal bagagem. Respondi que sentia verdadeiro pânico em pensar que alguém poderia colocar na minha bagagem drogas.

Em aeroportos sou um eterno suspeito. Lamento o constrangimento dessa senhora, mas não condeno a funcionária que espero não queria se promover, e sim evitar que o mal que assola a humanidade passasse despercebido e causasse mais mal a essa mesma humanidade.

O que pensa quem faz esse tipo de tráfico ao ler algo assim? Será que passa pela sua cabeça que poderia ser sua mão ou avó? Acredito que não, pessoas que fazem isto, Pessoas que fazem isto há muito aboliram o coração, agem por instinto e por ganância.

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