segunda-feira, 20 de junho de 2011


O Destino e a Felicidade.

J. Norinaldo

Max Melitzer, mendigo que catava material reciclável em Salt Lake City, USA, é claro, apesar de termos Nova York por aqui; quando de repente alguém bem vestido se aproxima e pergunta: Você é você mesmo? E ai, vem a bomba: você, se é você mesmo, acaba de herdar um monte de dinheiro do seu irmão falecido. Na reportagem que li, não se fala no montante da herança, diz apenas que o ex- mendigo poderá lavar uma vida confortável; e para quem vivia pelas ruas, mesmo sendo as ruas de Salt Lake City, dez mil Dólares é um monte de dinheiro, tomara que sejam muito mais.

Fico pensando aqui comigo, o que se passa na cabeça de uma pessoa no momento assim. Amigos, se tiver, são catadores de lixo como ele, aqueles que por ventura lhe dão uma roupa usada, um prato de comida ou um pão, não podem ser colocados nessa lista, pois se houver amizade é uma rua com apenas uma mão. Ah! Dou-lhe um prato de comida, umas calças que já não uso, mas em bom estado, pois ele não faz mal a ninguém, assim como um cão abandonado que conquista o carinho das pessoas.

Aqui no Brasil, também acontece dessas surpresas, que às vezes não trazem nenhuma felicidade. Há pouco tempo, um pedreiro ganhou a Mega Sena, milhões de Reais, e segundo vi nas notícias foi morto logo a seguir, a mandado de alguém que não queria dividir nada. E ai, vem a minha pergunta: dinheiro traz felicidade?

Caso ao conferir seu cartão, tivesse a triste surpresa de faltar apenas um número para realizar o seu sonho, ou o seu pesadelo, continuaria sua vida de pedreiro, continuaria apostando e torcendo, tendo em casa a mulher velha que o acompanhava há décadas, lavando, passando, cozinhando, fazendo um chá quando não tinham dinheiro para os remédios; os filhos na escola pública, sonhando com uma faculdade, ou aprendendo a sua profissão. Mas, estaria vivo.

Há muitos anos eu comprei um automóvel, aliás o meu primeiro e inesquecível, uma Mercury 48, tinha alguém por quem tinha muita consideração, e vez por outra me pedia o carro emprestado, nunca neguei. Mudei-me de cidade, e tempos depois voltei, já não tinha mais o carro ou nenhum outro; meu amigo subira na vida e tinha na época um Fusca do ano; certa vez precisei levar a esposa no médico em outra cidade, fui a casa desse amigo na certeza que me emprestaria seu carro, e ai, veio a decepção. Não me negou o transporte, mas, ele foi dirigindo. Tempos depois, só para testar, lhe pedi novamente o favor, e ele literalmente negou. Quando o lembrei da velha Mércury, ele simplesmente disse: Olha a diferença, não e´amigo? Amigo? E qual a diferença? Para mim, aquele velho carro era o melhor do mundo.

Não conheço os Estados Unidos, apesar de ser o meu sonho prioritário, quando tiver condições; portanto seria leviano da minha parte dizer aqui, que aqueles que por ventura vieram a presntear Max com um par de calças velhas, ou com um prato de comida, venham a postular sua amizade e gratidão futura, dependendo do tamanho da herança. Por aqui, sem generalizar, quase não teria dúvidas.

E ai, como ter amigos e ser feliz?

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