Quem Sabe?.

J. Norinaldo

Um cientista de certo país, estudou e trabalhou durante décadas na busca da pílula do rejuvenescimento, não fez outra coisa na vida a não ser isto. Aos 65 anos de idade em fim: Eureka, bingo.

Quando se preparava para mostrar ao mundo e a Rede Globo seu invento, deu um grito de euforia e abriu os braços como se dissesse ao mundo: consegui, até que em fim. Neste gesto derrubou uma lamparina que provocou um incêndio transformando em cinzas seu laboratório e grande parte do seu sonho, pois tanto as fórmulas secretas como todo material envolvido foi pro brejo, ou seja, viraram fumaça.

Por muita sorte o tal cientista tinha no bolso do casaco as 3 primeiras pílulas prontas. Depois de uma breve reflexão, chegou à brilhante conclusão que não teria mais tempo para recomeçar, e como não se lembrava de patavina da tal fórmula, resolveu usar suas pílulas para ficar jovem novamente e tentar viver a vida que não vivera.

Isto mesmo tomaria ele as pílulas. Foi para casa, que por sorte não era o seu laboratório, tomou um belo banho, e como num ritual, tomou uma das pílulas. Foi até o espelho e para sua total felicidade, verificou diante de si, um homem de 45 anos, já com alguns cabelos grisalhos, mas pelo menos tinha cabelos.

Não! Disse para si mesmo, vou tomar mais uma. E assim fez. Nossa! Que maravilha, surgiu no espelho um rapaz de 25 anos, bonito não posso dizer, pois não estava lá para ver, mas com 25 anos.

Caramba! Joaquim, disse novamente para si mesmo, quem sabe até podes a vir jogar futebol, esquecendo essa coisa de ciência, que não verdade não dá camisa a ninguém. Que tal a camisa 10 do Barsa, Cristiano que se cuide.

Mas nunca joguei futebol, aliás nunca joguei nem conversa fora, sempre ligado no tal projeto; e com 25 anos acredito ser tarde para se aprender qualquer coisa, principalmente futebol. Ainda corro o risco de esperar muito e minha última pílula perder o prazo de validade. Não! Vou tomá-la agora e já, recuperarei assim todo o tempo perdido.

Tomou a última pílula, realmente voltou aos cinco anos de idade, teve sarampo e morreu.

Me veio a cabeça essa estória, ao assistir um programa de entrevistas na TV, aliás sou fan do mesmo, sempre que posso não deixo de assistir.

Não sei ao certo, mas aquele personagem que foi entrevistado, me parecia tão ansioso como o cientista Joaquim com suas pílulas. O que deve ter se preparado, estudado diante do espelho, o que responderia a tão ilustre entrevistador, afinal, ali onde se sentaria, já sentaram: reis, grandes astros do cinema, chocólatras, já pensou? Realmente um dia para ficar na história.

Para dizer a verdade, não sei nem qual o assunto que pretendia explanar. O apresentador, falou o tempo todo, contou piadas. Quando o coitado queria falar era interrompido: Desculpa, sem querer interromper, já interrompendo, e assim foi até o fim.

Lembrei-me também de uma crônica do saudoso. Hi! Deu branco, não consigo lembrar o nome do homem, mas você sabe quem é, o criador da crônica do dia a dia, mineiro, morava no Rio De Janeiro. Opa! Lembrei: Fernando Sabino. A crônica é:” Deixa o Alfredo Falar”.

Como será que se sentiu aquele coitado? sabendo que outra chance, quem sabe daqui a 45 anos.